Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS O ensaista paraense Vicente Salles, em seu interessan– te trabalho : - "O Popular em José Veríssimo" diz : "que o autor de "Cenas da vida Amazônica", publicada em 1886 iniciou-se como crítico no Pará; mestre-escola e jornalist~ eventual. Durante tôda sua vida não seria mais do que isto : professor e homem de letras. Pouco a pouco sua vo– cação de crítico se foi definindo e, logo desistiu de produzir obras de ficção". Foi no entanto em seu livro - "Primei· ras Páginas", diz o auotr do "Exilado Rancho Fundo" - que encontramos o germem daquele Jcsé Veríssimo que iria re– velar-se, crítico pugnaz e sensível do popular. Brito Broca, em seu admirável t rabalho : - "José Veríssimo, mestre da Crítica" - diz que "a primeira tenta– tiva de crítica militante entre nós, que logrcu êxito foi tal– vez a de Capistrano de Abreu, mantendo uma coluna sema– nal, sob a assnatura C. A. na "Gazeta de Notícias", entre 1881 e 1882. Mas, quem ia exercer essa atividade em caráter regu– lar, pelo espaço de vinte e cinco anos, com pouccs inter'"Va- , los, transformando-a num verdadeiro magistério, seria José Veríssimo. Foi ele, não só um dos nossos maiores críticos, como o nosso maior crítico militante. Sílvio Romero, nin– guém ignora, era incomparável, nas realizações, no debate das idéias. Quando individualizava, deixava-se levar fre– quentemente por influências emocionais . Daí o seu propósito de escrever logo uma "História da Literatura Brasileira" - cedendo as seduções dos largos panoramas. Ara.ripe Junior, possuindo serenidade aos julgamen– tos e sendo capaz de nos dá estudos admiráveis, com os que se encontram perdidos nas coleções do - "Novidades" - sôbre - "O Ateneu" -, o "Romance Psicológico", tinha des– caídas incompreensíveis, elogiando rasgada.mente "A Carne", de Julio Ribeiro e vendo mais tarde no romance de Albertina Berta - "Exaltação" - uma obra prima, chegando a com– parar o estilo da autora ao de Euclides da Cunha . José Veríssimo era, indiscutivelmente, diz o autor de : "Coelho Neto Romancista" dos três o mais bem dotado para o gênero. Embora no fundo, um emotivo (segundo depoi– mento recente a seu respeito) e do qual pretendo fazer um estudo psicanalítico; sabia desprender-se de qualquer outra in– junção estranha ao mérito próprio da obra, dada a respon– sabilidade que assumia perante o público - a de orientá-lo, levando-o a não aceitar uma coisa por outra - e perante - 127 -
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