Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS aconteceu com o nosso José Veríssimo e tantos outros pa– raenses ilustres. Mas, para reparar essas injustiças literárias é que existem as Academias de Letras onde se conrgegam homens de pensamento e que estimam a cultura com um idal, e tôda vez que se apresentar uma oportunidade como esta, da rea– lização da "l.ª Semana do Escritor Paraense", para exumar intelectualmente os grandes homens da literatura nacional. Essa é a meu ver, a divina missão das Academias de Letras - levar aos estudantes e ao povo de sua terra o nome da– queles que souberam elevar a cultura de meu Estado e de sua gente. Para reforçar êste meu conceito, transcrevo a opi– nião do saudoso acadêmico Manuel Lobato, emitida em sua plaquete "A Margem de um L ivro" - comentando o livro de Francisco Prisco : - "José Veríssimo - Sua Vida e s1ws Obras" - quando diz : "Excepcionalmente bem inspirados andaram, portanto, os governos do Pará e do Distrito Fed-e ral, ao darem a estabelecimentos de ensinos o nome do ex– tinto pedagogo. Foi das poucas e minguadas recompensas por êle alcançadas em troca dum labor de mais de trinta ânos em pról da educação nacional" . Não vou falar da obra de José Veríssimo por que se– ria assunto para várias conferências, ou melhor para um li– vro que infelizmente ainda não foi publicado e o Pará deve– lhe esse livro, mas apenas do crítico que na realidade foi, como um dos maiores da literatura nacional, ombreando-se ao lado do gigante Sílvio Romero e do ponderado Araripe Junior, considerados a trindade sagrada da crítica brasileira. Comenta-se nas esferas intelectuais que José Veríssi– mo, como crítico, deixou de se referir aos escritores paraen– ses, não fazendo alusão em sua obra literária, da literatura de sua terra natal, isso infelizmente é verdade; mas não ha– veria um motivo inconsciente na frustração do crítico pa– raense, para se tornar injusto com os nossos escritores? ou haveria um motivo consciente a fim de não fazer uma crí– tica sensata e honesta da nossa literatura, que nessa época, diga-se a verdade, era uma literatura embrionária e que por s~al deveria ser fraca? E como a crítica para José Veris– suno, estava acima de sua própria honra, dever-lhe-ia ser melhor que deixasse passar despercebida a nossa literatura . Propala-se no mundo das letras, que José Veríssimo, como crítico, foi demasiadamente cruel mordaz e até às ' , , vezes, desumano. - 126
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