Revista da Academia Paraense de Letras 1964

SAUDANDO A SILVIO MEIRA Foi este o brilhante discurso que o acadêmico Jarbas Gonçalves Passarinho proferiu saudando Sílvio Meira, à noite de sua posse na A.P.L. : "MENINICE E JUVENTUDE Sou grato aos fados, por me reservarem a honrosa mis– são de receber, nesta Casa, SfLVIO AUGUSTO DE BASTOS MEIRA, que sucede ao saudoso e boníssimo LUíS TEIXEIRA GOMES, na cadeira n. 40. A SfLVIO ligam-me afetos que mergulham na infância buliçosa, aí pelos anos 30, nesta Santa Maria de Belém, nos ar· redores da saudosa "Vila Amazônia", entre Braz de Aguiar (en– tão São Braz) e Gentil Bittencourt. Éramos ambos meninos pobres, mas não nos faltavam folguedos, não nos escasseavam diversões. O futebol, é natural figurava em primeiro plano. Se não havia com que adquirir o "sernambi" nem a bola de couro, as meias compridas, usadas, das senhoras serviam de matéria– prima 'fácil para a confecção das bolas de pano domésticas. A êsse tempo, as meias de senhoras não eram artigos tão raros como hoje. . . Nem tão caros ! O quintal dos Meiras era um dos nossos "campos" pre– diletos. Ainda não -· ocupado pelas confortáveis residências atuais de Augusto e Ruy, era amplo e bastante para que dois ti– mes reduzidos nêle ã tuassem. Aos Meiras juntávamo-nos os Passarinhos, os Gurjão Praxedes, Océlio Medeiros, os Valérios, os Neivas, os Carvalhos do "Tio Tutu" e outros mais, a dispu– tar partidas intermináveis, enquanto provàvelmente o talento de AUGUSTO MEIRA compunha sob aquela barulheira infernal o poema épico da nacionalidade: o "Brasileis". ' Ah! Que saudades daquela "Vila Amazônia" do fim dos anos 29 e da década de 30, em que minha mãe punha os filhos de ventre colado ao chão, enquan_to lá fora sibilavam as balas de fuzil. De um lado, tôda a legalidade. De outro, a - 11-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0