Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Homem notável pela simpatía irradiante, orador nato, dicção perfeita, fisionomia cativante, porte altivo, tais as pri– meiras impressões deixadas por Eleutério Senior. Quando foi da minha eleição para o Silogeu, em 1947, êle que presidia a Sociedade Paraense de Estudos Econômics, da qual eu era se– cretário, - disse: "é o primeiro que vai daqui para a Acade– mia; como academico vou ser o seu recepcionador". E a sua oração na tarde de minha posse, um sábado, - foi um acontecimento. Mereceu ovacão. Paulo Eleutério Senior tinha Úm filho, que também era acadêmico, o Dr. Paulo Eleutério Junior, rapaz de talento, tendo ocupado já vários cargos públicos. Nêsses idos, 1950, a efervescência política andava forte e as descomposturas pela imprensa saíam anônimas, ferindo os adversários. E num motim oconido na própria redação d'"O Liberal", o nosso confrade foi covardemente assassinado, fican– do o indigitado matador, que era oficial do Exército, o que é mais : impronunciado. · Isso esbandalhou o lar e a felicidade de Paulo Eleutério Senior, fazendo-o andar pelas ruas como um verdadeiro martir da saudade paterna. Causava verdadeira mágua ver aquêle espítito tão cheio de vida, a quem a injustiça dos homens reduzi.lia à penúria de um exilado da terra, com o filho morto, a mulher louca, e a que só faltava o que afinal se deu, a morte vinda, sem lar, sem amigos, como a consumadora de tudo, na rua ... • -123-
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