Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS cuja apreciação · faz com vibração e propriedade. Machado de Assis é, com o eonsentimento unânime, o Chefe da Casa e tido por muitos como um escritor insuperável, apesar de restrições que lhe fazem outros. Griec,o escreveu sôbre êle um livro notá– vel, e, apesar das muitas restrições que faz, muitas delas aceitá– veis, acaba por exaltá-lo imensamente. Sylvio Romero escreveu sôbre Machado de Assis um trabalho meticuloso e de alta pro– bidade. Agiu de tal forma que, através de sua crítica de rara lealdade, nos faz amar Machado de Assis. Este seu trabalho é muito mais valioso em favor de Assis do que o trabalho de La– fayette que, pretendendo o defender nos dá um Machado de As– sis que é quase detestável. O trabalho de Lafayette começa pelo grande pecado de fazê-lo sôb anonimato, como se sentisse diminuir-se se o fizesse a peito descoberto. O trabalho de La– fayette visou, acima de tudo, uma objurgatória contra Sylvio Romero e contra Tobias Barreto. Nas suas sessões de quinta-feira há conferências públicas e os salões da Academia ficam repletos da gente mais interessa– da por essas questões da inteligência. Têm-se, ali, uma hora de regalo para todos. Ainda por êsse lado são incontáveis os benefícios da Aca– demia. Grandes vultos estrangeiros têm ali comparecido e tra– zido ao nosso ambiente o concurso valioso de sua inteligência e concorrido para nos irmanar à inteligência de países estrangei– ros, que se nos mostram afeiçoados. Notamos, entretanto, que falta ali alguma coisa que nos parece essencial. Queremos nos referir à biblioteca da Academia. No seu conjunto ela é considerável. P~ra ali convergem, como é natural, trabalhos de toda ordem. Ha, de certo, ali tesouros, inestimáveis, em obras de muitos volumes e grande tomo e, também, em livros de menor volum_e, folhetos e plaquettes, onde muito há que aprender. Tudo aqmlo merece carinhosa conser– vação. Acontece, porém, que não há um catálogo, nem sistema– tização orgânica, de modo que é d~ícil ou mesmo impossivel en– contrar um trabalho que se deseJe consultar. O que cai alí é como um peixe no oceano e, assim, a biblioteca se transforma em uma fôrça inerte ou mesmo em um pesadelo atróz. Pensamos prestar um serviço à Academia e a qua~tos a frequentam, cha– mando a atenção para essa falta que nao ~e pode compreender e que e, mesmo, inominável. Há ,necessi~ade de um catálogo organizado à maneira moderna e ha necessidade de funcionários hãbeis que valham, por assim dizer, como uma consciência viva - 118 -
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