Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS que lhe compete. Percorri, nas minhas visitas assíduas às biblio– tecas desta metrópole, um sem número de lavores de consagra– dos e não poucos de esqueC'ldos. O nosso país não conta, no escrinio das joias da sua imprensa, ninguém que, em boa verda– de se lhe equipare. Paulo Maranhão é, sem dúvida alguma, o m~ior jornalista que esta nação produziu. Por que o maior ? Antes dé mais nada, porque jamais descurou a forma- ção intelectual indi:5pensáv~l. à ~rítica do se~ te_mp?, donde o encanto com que ate adversanos 1lustres, que ele impiedosamen– te atacava, bebiam, a tragos de sêde, no manancial das suas ás– peras catilinárias. Depois, porque nenhum dos outros teve em igual ponto de honra a pureza da linguag;~• q~e é o instrun:en– to essencial de quem escreve. Nesta materia a imprensa carioca ofei-ece um pugilo de colaboradores eméritos, da estirpe de Carlos de Laet. Não são, porém, jornalistas. Nas minhas pesqui– sas nunca se me deparou jornalista daqui ou das nossas pro– víncias que em tanta maneira prezasse o instrumento do seu ofício. Nos· períodos de sossêgo político, em que a sua pena fruía o que tanta gente denomina as delícias do ócio, Paulo Maranhão cuidava de asseá-lo ainda mais, evitando que o desuso o enfer– rujasse. Em toda a sua faina de jornalista predominou a sátira, porque a sátira é precisamente a arma dileta do espírito de hostilidade. Eu também fui atingido por ela quando apadrinha– va aqui os direitos do sr. Magalhães Barata, miseravelmente traído, em abril de 1935. É claro que essa circunstância não di– minuiu o meu afeto, tanto quanto. o fato de haver cortado as re– lações pessoais com o atual chefe do executivo paraense não me impede de fazer votos por que êste realize, em pról da terra comum, excelente govêrno, desmentindo, mercê de afirmações positivas de benemerência, erros astronômicos do seu passado. É , pelo menos, uma esperança que se confia na serenidade dos cabelos brancos. No que concerne ao "duelo" entre os dois, estou convencido de que espada feita de músculo não pode obstar a que o destemido jornalista alcance "a glória do centenário". Não podia eu ter, nesta friíssima nesga de· solidão, que é ª. extrema do Rio Comprido, melhor prato para o almoço espi– ritual de um domingo, que a página carinhosa de Corrêa Pinto e_a magnífica palestra de Georgenor Franco, esta aliás enrique– cida ~o trêch? autobiográfico, em cujo teor o dono da "Folha" nos da a medida exata da sua brilhantíssima lavra. . Ga~hei, na loteria do tempo, o grande prêmio dêste pre- cioso dommgo de agôsto. - - -112
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