Revista da Academia Paraense de Letras 1964

PAULO MARANHÃO ALCIDES GENTIL Quando fui nomeado, em abril de 1918, promotor público de óbidos, sabia que me aguardava por aquelas paragens, afóra o cunhado e minha irmã que por lá estanceavam, antiga amiza~ de de meus pais, na pessôa do dr. Augusto Corrêa Pinto, que se consorciara com uma conterrânea minha. Corrêa Pinto trouxera do Acre uma auréola de meter mêdo, na terrivel fama de traga– mouros. Conheci-o, então, na intimidade, nesse eterno momento da vida em que o homem é sempre diferente daquilo que a voz pública o faz. Em agôsto contraí matrimônio, em Alenquer, com a me– nina que, vai por trinta e oito anos, tem sido a vítima resignada– mente feliz de tudo o que fui, até hoje. Corrêa Pinto possuia, na sua prole, um filho, a essa época, se me não engano, com apenas cinco anos de idade. Por um dêsses muitos fenômenos inexplicá– veis a que assistimos, o garotinho afeiçoou-se tão extraordiná– riamente à mi.nha coi::npanheira, que passou a chamá-la de . "minha noiva", não com a indiferença de quem usa um toque habitual de estima, senão com arrebatados gestos de ciúme, toda · a vez que nos encontrava juntos. Para o atrevido rival era eu o criminoso. Recebi há dias o folheto e!Jl que essa criança de outrora, já feito homem, traça com o mesmo desabrido impulso contra os di.scolos que o aborreceram o "elogio do talento e da bravura, em louvor de Paulo Maranhão". Reclamei imediatamente dêste último urri exemplar do opúsculo que abre com a palestra de Georgenor Franco, lida na Academia Paraense de Letras. Eis aí uma congérie de testemunhas de bom grado reu– ni.dos com o nobre propósito de prestar homenagem aos mere– cimentos de um grande espírito. Entre os meus maiores pecados, não é s'omenos o da minha afeição à "Folha do Norte", e, sobretudo, o do meu aprêço a êsse incomparável jornalista. Lanço mão do adjetivo - 111-

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