Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS vida como infalível nos diagnósticos absorventes da sua con– corrida clínica especializada. Com defeitos aleijantes e predicados meritórios, fez-se dono e senhor do terreiro la– tifundiário! Mandava e desmandava, emprenhando pelos ouvidos ! . . . ROMEU MARIZ, na sua modéstia e na sua apatia, não se pôde livrar das tentações malínas e das pro– messas interesseiras. De cadete expulso, passou a ser Ma– jor da BRIOSA, enfardadamente lustroso! Escrevia, com facilidade, crônicas e noticiários e versejava com esmero, es– tilisticamente escolástico, gostando de namorar candida– mente, solteiro que era por aquela época. As louras eram as preferidas. Foi proprietário de várias REVISTAS MUN– DANAS, dignas de menção e, como Genaro Ponte e Souza, como Euclides de Faria, como Antunio Vieira, como Elmano de Queiroz e outros mais, arranjou, com certo chiste e co– micidade, peças teatrais, e11cenadas na quadra nazarena, ganhando borós e obtendo popularidade. Com muito que contar e muito que dizer, 'fugimos, entretanto, de entrar nas minúcias enroscantes das suas apdanças político-partidárias, tão agitadas e tão impetérritas. Nordestino de quatro cos– tados, paraibano da gema, sem nó na tripa e com sangue na guelra, trazia, sempre, o punhal na cava do colete, do qual, porém, não fazia alarde, deixando, contudo, à mostra o cabo chifrndo, silenciosamente aprumado para o que désse ou viesse. Teimoso e ensimesmado, 1,anzinza e precavido, não bebendo e não fumando, sempre e sempre foi fiel aos postulados democráticos e às regras do bem-viver e, por êles e por elas, muito sofreu, curtindo dissabores e padecendo ignomínias. Duas cousas, afora as habituais tricas entre lauristas e lemistas, o tentaculavam, esquizofrenicamente, desfigurando-lhe o conteúdo pacato: O JOGO DO BICHO e o PAISSANDú. Frequentava salões luzidios e não ia a baiúcas sórdidas. Valsava com elegância, bem trajado e seguro nos passos. Eleito deputado estadual, por grande maioria de votos e já na oposição, foi passado para trás pela escamoteação prodigiosa da Assembléia Legislativa, que o substituiu por ALFREDO CHAVES, do mesmo Partido e como êle ferrenho adversário. Pagava, assim, o pecador im– penttente pesado -tributo por suas atitudes titânicas, man– tendo-se, como bem poucos, firme e inabalável ao lado do CHEFE, martirizadamente caído, merecendo por isso os ve– xames ca~alíst,ic_os do virgilismo renovador ! Os mágicos pa– receres tnbumc10s de ELIAS VIANA, mestre no ofício en– guliam nú.meros certos, trocando nomes e operando ~ila- - 103 -
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