Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS em nome de todos e de sua Viúva, esta homenagem que a Academia Paraense de Letras presta ao, companheiro que dei– xou nesta Casa a marca de sua presença e a lembrança de seu Amor. Talvez a coincidência geográfica de ser eu um dos pou– cos filhos que permaneceram em Belém, enquanto os outros foram impelidos por diversas circunstâncias para o velho Recife da formação humanística do Pai, me permita vir à tribuna Aca– dêmica para dizer da emoção da família que vê reverenciada na Ilustre Companhia a memória de seu Chefe, cujo culto se renova cada amanhecer, no coração de cada um de nós, nos atos da vida cotidiana, com a conciência de que carregamos co– nosco a tradição de um nome, cujas raizes se encontram entre heróis da Independência no Pará, em Antonio Barreto, cons– trutor idealista de uma nova Pátria. Talvez apenas a coincidência geográfica me permita fa– lar na Academia de Letras, pois difícil me é o discurso e im– possível a oratória, homem das redações de jornais que tenho sido até hoje, jornalista profissional que não ousa ir adiante de sua coluna, de seu comentário escrito no corpo-a-corpo da luta pela vida. Est? é talvez a terceira ou quarta vez que falo em público. As anteriores, como agora, tôdas foram para re– petir a nossa gratidão pelas homenagens dos conterrâneos à memória de Avertano Rocha. Tôdas para dizer que o nosso amor pelo Espôso, pelo Pai, pelo Avô, pelo Chefe que foi Aver· tano Rocha, se transforma nesta ternura que sentimos ao sa– ber que o seu nome já há muito transpôs o culto da família para o reconhecimento dos paraenses pelo que êle significou de bondade, dignidade e cultura. Senhores acadêmicos : Sei que a praxe acadêmica ex1gma um discurso sóbrio de agradecimento da família do homenageado. Já vos disse que para mim seria difícil fazê-lo, as palavras pesam como pe– dras, a frase é tortuosa e dura. Prefiro que esta Casa sinta, por nossa própria emoção, que todos nós estamos gratos às homenagens da Academia Paraense de Letras e às palavras amigas e brilhantes do Imortal Jarbas Passarinho, sucessor ilus– tre de uma ilustre linha de ocupantes da poltrona Carlos Nas– cimento. E que, principalmente, esta gratidão se traduz pela mi– nha presença aqui na tribuna para, ao relembrar a memória do Pai e do Amigo, reler o que escrevi quando um ano êle fazia de morto e a saudade, como agora, em que se inaugura êste belo -98-

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