Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE D E LET RAS búrcio; formando um verdadeiro complexo, ou melhor, uma fobia ao casamento. A Chinela Turca - (Papeis avulsos) tsse conto de Machado de Assis, é o sonho do bacharel Du– arte, quando dormiu no gabinete de sua casa ao ouvir o drâma do major _Lopo Alves, "um dos mais enfadonhos sujeitos do tem– po". É preciso frizar, que Duarte "acabava de compor o mais teso e correto laço de gravata que apareceu naquele ano de 1.850", para ir ao baile, ver os "mais finos cabelos louros e os mais pen– sativos olhos azuis que êste nosso clima, tão ávaro dêles produ- zirá". ' Cecília chamava-se essa insinuante criatura, que a nosso vêr, foi a causa do sonho do bacharel; que sonhou haver sido prêso pela policia por que havia roubado uma "chinela Turca" . - "Ah! Ah! disse o homem gordo da policia. Com que então pensava que podia impunemente furtar "chinelas turcas", namorar moças louras, casar talvez com elas . . . e rir ainda por cima do gênero humano ?" _ Quaisquer que sejam os meus crimes, suponho que a policia" . . . -Nós não somos da policia, interrompeu friamente o homem magro. -tste cavalheiro e eu fazemos um par. tl~, o senhor e eu fazemos um terno. Ora terno não é melhor que par; não é, não pode ser. Um casal é O ideal. Provavelmente não me entendeu ? - Não senhor. . _ Há de entender logo mais. "A chinela (pensava J?~ar te) vi?ha a ser pura_metáfora; tratava-se do coração de Cecill~, que el~ rouba:a; d 1 ~lito de qtue · punir O já imaginado nval. A isto deviam 1gar-se na u- o qluenta palavras misteriosas do homem magro: o par é me- ra men e as 1 , . d al" lhor que o terno; um casa e o 1 ~ . , A -Há de ser isso, conclum Duarte; mas quem sera esse d t do?" pretendente erro a · "Ne te momento abriu-se-uma porta do fundo da sala e ne- . ba\ina de um padre alvo e calvo". N'uma das salas ilu- greJOU a . ,, ti • d t " Ab - A - minadas or velas postas em cas çais e pra a ,.so re.uma me~?. 1 · tpva um homem velho, que representava ter cinquenta e arga, es a cinco anos". . _ Conhece-me; perguntou o velho, logo que Duarte entrou na sala. -· 93-

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