Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS q.e desejo sexual dos artistas, numa cena de amor, um temporal (vento furiôso) . A primeira fase do sonho de Genoveva, ou seja até o jura– mento de amôr da viúva, pelo finado marido, é um "conteúdo ma– nifestado", em que não há simbolismo. Mas, quando o "finado estendeu-lhe as mãos, ~ pegou nas dela; depois enlaçando-a pela cintura, começou uma valsa rápida e lúgubre ... " A análise re– vela-nos um sonho, com "conteúdo latente", da cópula de Geno– veva com o Oliveira; mas que por um "trabalho interpretativo de deslocamento", por substituição", aparece o. finado marido, isto devido a censura do "super-égo", como expliquei acima. Também pela análise do sonho encontrei: - "Inquietação e atração sexual. Desejo de satisfazer tôdo o calôr da sua sen– sualidade incontida". Diz Gastão Pereira da Silva que: "em centenas de sonhos de criaturas insatisfeitas sexualmente, encontramos o símbolo da serpente. Nas mulheres frias, por traumatismo psíquicos, o so– nho com serpentes é bastante comum. Em geral, sonham que ma– tam as cobras que as perseguem. Isto é, têm a consciência de que devem evitar à sedução, de vez que não podem desfrutar os prazeres que a mesma proporciona" . O anjo das Donzelas (contos avulsos - prefácio de R. Magalhães Jr.) • Quando Machado de Assis, escreveu êsse conto, Sigmundo Freud contava apenas seis (6) anos e caminhava para o colégio, onde fazia o curso primario. O conto baseia-se no sonho da don– zela Cecília, menina-môça de quinze anos, que: "é a idade das primeiras pa~pitações, a idade dos sonhos (o grifo é meu) a idade das ilusões amorosas, a idade de Julieta; é a flôr, é a vida é a esperança, o céu azul, o campo verde, o lago tranquilo, a a~rora que rompe, a calhandra que canta, Romeu que desce a escada de sêda, o último beijo que as brisas da manhã ouvem e levam, como um éco, ao céu", Cecília que antes de dormir, lia muito, especial– mente livros de amôr, como "Paulo e Virginia", ou "Fanny" e . . ' que por êsse motivo talvez, estivesse prevenida contra esses sen- timentos. E que talvez, por isso mesmo, nunca amara - "Do co– Iegio saira para casa e de casa não saira para mais parte algumà''. Numa noite depois de muito lêr, "procurou dormir para as idéias sombrias que se lhe atropelavam no espírito e dar descanso ao pêso e ao a_rd~r _que sentia no cérebro; n:ias não pode; caiu em uma dessas mso_m~s q~e fazem padecer ma1_s em uma noite do que a fébre de um dia mteiro. . De repente sentm que se abria a porta. Olhou e viu entrar uma flgura desconhecida, fantástica. Era mu- -90- \) o {.o. :::-:- .

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