Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ., Cultura comple\a,. dizia-me o Cônego Crolet que en– c~ntrara ,eT? Dom Antonio um desdobramento intelectual de Sao Sulp1c10, o afamado instituto católico onde Renan cal– deára o ~eu espírito_ Ae º. seu estilo, o seu espírito mordendo todos os rrutos da cienc1a, o seu estilo assimilando todos os modêlos das línguas clássicas . Orador fascinante escritor primoros<:, Do~ ~tônio de Macêdo Costa lutou p;la Igreja na _Questao R_ehg10sa, bateu-se con_tra Rui Barbosa na sepa– raçao da IgreJa do Estado, cautenzou as ulcerações de um clero dissoluto, disciplinou uma sociedade dividida entre a fé e ~ fanatismo, conheceu o fastígio da consagração pública e o carcere da Ilha das Cobras. O seu nome ficou gravado a fôgo na memória de mais de uma geração. No dia em que no Pará pisou outro Antônio, Dom An– tônio de Almeida Lustosa, o seu prenome parecia para os profanos u~a usurpação, mas não foi. A inteligência lúcida, o gesto afavel, a palavra sempre paternal, a sabedoria hu– milde, a perfeita austeridade de Dom Antônio Lustosa cati– varam os corações mais insensíveis . Dominaram muita féra rebelada. E êle sentiu, tanto como nós, o pêso da auréola do seu antecessor. O seu livro sôbre Dom Antônio de Ma– cêdo Costa é uma homenagem à Verdade. Constitue, hoje, um manancial indispensável para quem queira conhecer o Bispo do Pará, sem a deformação dos juizos apaixonantes de sua época. Os quatro pequenos opúsculos à Margem da Visita Pastoral, de Dom Antônio Lustosa, são o opôsto da célebre visita Pastoral de Dom Frei João de São José de Queiroz: o estilo sem artifícios, a observação sem malícia. O homem, a flora, a fauna, os acidentes geográficos, a linguagem pito– resca os costumes da região, nada escapa à visão aguda e à pena 'delicada e fluente de Dom Lustosa. Há muito no que êle escreve da vernaculidade impecável de Dom Silvério Go– mes Pimenta. São mineiros ambos. Têm o sentido inato da pureza da língua e dos costumes. 1 Da moçléstia de Dom Antônio Lustosa vou lhes dar um testemunho inconfundível : quando era Arcebispo do Pará o sr. Dom Jayme de Barros Câmara, tive a honra de acompanhá-lo até Igarapeaçú, pois, sendo seu dia natalício, 0 Antistite ia passar entre os leprosos do Prata. Recente– mente Dom Jayme havia sido indicado para Arcebispo auxi– liar n~ Rio de Janeiro. A indicação coincidia com a vacânçia da Arquidocese pelo falecimento de Dom Sebastião Leme. Felicitava eu o sr. Arcebispo, porque a sua transferência - . 1i -

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