Revista da Academia Paraense de Letras 1962
• DESENHOS ADALCINDA CAMARÃO D. C., março de 1962 Corpo de nervos tensos dormindo e acordando quando o sol põe esmeralda e oiro nos móveis do quarto. Estranho motivo surrealista, quando o Rádio gritando no alarme irrompe com as notícias das viagens à Lua, na vulgar experiência da morte embriagada de mundos imaturos, como um grande animal disforme e impotente, sem poder matar nem morrer ! Moves, mecânicamente, ootros corpos, na emoção caótica das horas-minutos, onde as idéias sufocam sem oxigênio no doido rítmo da aposta, em sequências de sedes não dessedentadas . Que gra,ide amor és tu, oh Vida, cujo corpo pode ser tudo, menos morte! Amores, amantes, lutas, sucessos, tragédias, tudo está no teu corpo como desejos que se juntam numa balada adormecida em silêncios . .. Amor és tu - teu corpo faminto e suádo de ódio, fanado e ardente, rígido e lasso, magro, ou enfunado como um seio de véla virgem na borrasca! É a ti que amamos no apocalítico presente, porque só em ti cremos ! E és tudo o que pedimos a Deus, horrorisados, sem confiar nas promessas da Eternidade, como quem pede um Deus a Deus ! -77-
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