Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA pAflAENSE DE LETRAS tinto e modesto, não alterava costumes, buscando primeiros lugares, sem egoismos e sem malsinações. Cativante, por índole e por edJ].cação, não se apressava em suas andanças fao-ueiras e não tinha vícios molestantes. O seu bem talhado pe;fil, físico e moral, cond~cionava-lh_e um futuro I?robidoso, sem saliências e sem desv10s pecammosos. E, assim, acon· teceu pouco mais ou menos, ao que sabemos. Apolítico par– tidári'o e após percorrer várias_ c~marca~,.foi ?UIZ de DIREI– TO em Santarém, onde constituiu familia digna, sem luxos e sem grandezas. Escreveu, então, vários livros, entre os quais "TERRA IMATURA", que lhe perpetua o_ ~orne aureo– lado, graníticamente gravado. Tra~alho prodig1?so e obra meritória, retratando, fielmente, paisagens coloridas e me– lancólicas e, também, esculpindo, genialmente, a gente hu– milde e ápatica da GLEBA sofredora, à qual se afeiçoou, sem exageros e sem promiscuidades. Escrevia o que notava e narrava o que sentia, persistentemente refratário aos elogios eufóricos, aceitando lendas e repelindo vigarices. Estoica· mente ensimesmado, foi, sempre, o próprio, em tôdas as suas peregrinações, dono de si mesmo, incomparàvelmente vir– tuado nas nítidas encenações do meio ambiente, sem côres berrantes .e sem matizes espetaculares. A famigerada natu– reza agreste da "SELVA" miraculosa o dominou por com– pleto, prõdigiosam_en~e ~ncantadora e sinistramente feiticei– ra. Guardando distancias adequadas, defensivamente per· suasivo, tinha estilo próprio e diferenciado, no pincelado dos quadros esfusiantes e no planejado dos enredos encipoados. Por tôda parte, ág1;1a muita e terra muita, para tão pouca gente ! ! ! As mares das. enchentes caudalosas e periódicas, em suas ininterruptas dehvrances desvinginadoras derrubam barrancos e alargam rios, espalhan~o gente, aqui e'acolá, sem amparos e sem r~sguar~os. Os pantanos mortíferos prolife– ram e a floresta indomada, fecunda abstràtamente sob a in– clemência do clima est':rtorante, que, no dizer ab~lisado de EIDOR!~ MOREI~A, e uma ~iel e expressiva ilustração atmosfenca da regiao, nos seus mdices básicos e paisagistas . Tudo na sua grandez~ fenomenal, acrescentamos nós, lhe é adverso, ~as, como ~u~da completa o referido pensador, tão jovem e tao, ~aractenstico, os qu~. nela vegetam, mulamenta– mente esquahd?s, suportam, heroicamente, as reações esma– gadoras do me10 absorvente, sem que o homem deixe con– tudo, de ser grande. no seu trágico abandono ! sensat;men– te adver_tido, ALFREJ?O LADISLAU não foi, nêsse mistér apreciativo, menos brilhante do que EUCLIDES DA CUNHA do que ALBERTO RANGEL, do que RAIMUNDO MORAIS: -66- ..

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