Revista da Academia Paraense de Letras 1962

ALFREDO LADISLAU Acadêmico ABELARDO LEÃO CONDURú E foi assim que o conhecemos, suavemente risonho e estranhamente arredio, vendendo gêlo a 50 réis o quilo e escriturando livros comerciais, na afreguesada fábrica do en– genheiro Francisco Bolonha, sita à rua Bragança, por volta de 1904, se não nos falha a memória. Residia sozinho, na la– macenta Triunvirato, com um quarteirão único e numa casa de porta e janela, nas proximidades do Colégio Perseveran– ça, na 16 de Novembro. Nem alto e nem baixo, um tanto gorduchudo e pálido, trajando camisa branca e calças pre– tas, sempre engravatado. Tratava-se bem, limpamente es– correito. Brincava, a seu jeito, com todo mundo e não fe– chava a ca1;a espinhenta para ninguém. As suas mágoas, se as possuía, não lhe roubavam, o aspecto das normalida– des convenientes, pois, primava por ser delicado, no trato ameno e nas repulsas assaltantes. Tinha a cabeça firme e no devido lugar, rechetada de cabelos negros e não guardava rancores corrosivos, aprumadamente vertical. Muitos, por isso mesmo, não eram seus amigos acam,aradados, para as boemias intercorrentes, sem pórreos sorrateiros e sem ex– cessos pasmódicos . Bebia, vez por outra, sua cachacinha alaranjada, como aperitivo, antes das refeições. Sem ser um autêntico Varão de Plutarco, era, normalmente, um ·homem de bem, sem bravatas e sem estapafúrdios. Namoricava, es– condidamnete temeroso, pela vizinhança, sem cantatas in– decorosas e sem atrevimentos derretidos. Pendularmente cronometrado, aceitava a vida simples, como se ela não pu- - desse ser transfarmada na sua extensão específica e nos seus entorpecimentos vertiginosos. Persistentemente habilidoso e corréto, gozava de certas atenções, pelo que peI"mitido lhe era fazer literatura gratuita, colaborando em "REVISTAS" e es– tu~ando, com afinco, na_ "Acade~i~ de Direito", do Largo da Trindade, por onde se diplomou, Ja amadurecido seguindo a judicatura, para ser MAGISTRADO INTEGÉRRIMO. Dis_

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