Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Ao ver-te fria assim, ninguém dissera Q~e te_ deu fôrça~ do pampeiro a pilha, Pois nao pode existir a primavera Nos ermos campos onde o sol não brilha. Do sul as ninfas, quando o Amor as doma Flôres - trescalam mais ardente aroma . . : Flamas - tornam-se incêndio abrasador ... Mas, tu que o Belo todo em ti resumes Flôr - és papoila, pois não dás perfume~ Fogo - és santelmo, pois não tens calor ! --*-- DE LEOPOLDO SOUSA : LÁGRIMAS DE MULHER Subimos a montanha; a tarde ia Crepusculando; o sol, encandescente, Como um braseiro esférico caia No avermelhado fundo do poente . A nossa frente, o mar convulsamente O bojo branco, impávido, estorcia, Como quem dentro das entranhas sente Uma fera colérica e bravia ! E ela me disse : - As minhas dores fundas São mais raivosas, muito mais profundas Do que êste abismo, e os olhos seus choraram o mar, ao ouvir-lhe as tristes desventuras, Não resistiu : - de encontro às rochas duras Chorou também. E as pedras soluç,aram. '7 -

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