Revista da Academia Paraense de Letras 1962
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS deira paz, da única paz que regenera e salva, que redime e santifica. Falta-lhe o substrato, a essência inadj etivável, o fundamento insubstituível de tôdas as boas ações humanas . Falta-lhe a justiça . Sem a justiça, a paz é um mito, uma pret_ensão descabida, uma idéia sem expressão, um ideal sem sentido. A justiça, fonte da verdadeira paz, não encontra ex– plicacão nos intúitos materialistas apregoados por inescru– pulosos, nem no utilitarismo de muitos, buscando exclusiva– mente o interêsse pessoal, a ascenção a o poder, para, com eficiência perversora. consumarem planos diabólicos de de– sagregação dos homens, pelo injustificado predomínio escra_ visador de alguns . A justiça, geradora da harmonia social, alicerce do justo entendimento das famílias e dos povos, é fruto da ca– ridade cristã, que encontra em Ti, amorável Cristo, a sua explicação única . A caridade, palavra única a traduzir um único sentimento, é a base única da verdadeira justiça. So– lidariedade. fraternidade . camaradagem, companheirismo e outros vocábulos de criação convencionada, perdem o sentido quando os homens não sabem ungir os corações com o óleo suavisador desta virtude sobrenatural que, segundo teus en– sinamentos, adorável Jesus, nos impele a amar a Deus sôbre tôdas ,as coisas e ao próximo como a nós mesmos . o presunçoso "rei da criação" encasmurra-se em não viver a paz que lhe serve, a única paz redentora, que os an_ jos anunciaram. em Belém de Judá, aos homens de boa von– tade na imperecível noite de teu natal humano. Aquela mes~a paz que, trinta e três anos mais tarde, tr-ansmitiste à humanidade sofredora no momento em que asseguraste aos apóstolos a vinda do Divino Consolador, o Espírito Santo. Disseste naquêle dia de marcante repercussão na vida dos povos : '"Eu vos deixo a paz,- eu vos dou a minha paz, eu vô-la dou não do mesmo modo que o mundo dá". o vivente racional de agora, donatário de tua paz, re– cusa-a sôfregamente, preferindo torturar o espírito com apavo;antes e_angustiosas indecisões . Jesus misericordioso, concede-nos a tua paz, essa paz inigualável,, q~1e faz ?e cada homem um v~g~ardeiro, na defesa da fe, msup~ravel. A paz, fruto da J~st1ça, preconi– zada pelo il;l?rtal P1,~ XII, no consolador vers1cu~o de Is~ias "Opus justitioe Pax , e que en~ontra, sua genuma explica– ção na caridade, na compreensao mutua dos homens, no amor reciproco das almas, sob a divina inspiração do A.mor Eterno. -54- IJ
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