Revista da Academia Paraense de Letras 1962

<;) o REVISTA DA ACADEMI /\ P ARAENSE DE LETRAS crepantes, a pleno, das exigências do bem comum. A his– tória não regista outra época em que os jogos ilícitos concor– reram tanto para a indigência dos pobres e a opulência dos ricos e poderosos. Em nenhuma fase da vida, o lenocínio, crime dos mais abjetos, de rigorosa punibilidade, merec~u tão r epugnantes acolho e proteção dos órgãos incumbidos de seu enfreamento. Os governados perderam ,a confiança em seus dirigen– tés . Por isto, lhes negam veneração e respeito. E essa cnda de desprestígio da autoridade avassala outros setores da a~L vidade humana, dominando repartições públicas, emprêsas de outros matizes, oficinas, lares e escolas. A paz universal, piedoso Jesus, está, mais uma vez, seriamente ameaçada. A guerra, na verdade, fá existe, por– aue desapareceu a confiança recíproca entre os homens. In– êoncebível falar em paz onde há permanente inquietação, quando os responsáveis pelos destinos dos povos não confiam no cumprimento das convenções, acôrdos e tratados, q1ie êles mesmos assinam. Nos documentos internacionais, des– tinados, gràficamente, a assegurar a paz, vislumbram-se ameacas de sua subversão. As mãos que os subscrevem em pactos soleníssimos, apertam-se logo após, não para roborar 0 compromisso exarado no papel, mas procurando sentir no contacto das epidermes, alguma solução contra a dú~da que se fixou nos espíritos •a respeito do que se escreveu em favor das idéias pacifistas. A crise do mundo hodierno é tremendamente apav'O– rante porque o homem descrê do próprio homem. Afirmei, certa vez, e é hora de repetir : Paz ! Palavra muito proferida mas pouco desejada · e quase incompreendida pelos homens. A verdadeira paz não é a proclamada nos congressos dos materialistas, que falam na paz porque desejam a guêrra, iludindo os povos com pro– pósitos pacíficos quando pretendem a luta armada. Invo– cam a necessidade da harmonia universal, mas propugnam pela hegemonia dos mais fortes, aniquilando nos outros a iiberdade de pensar. Essa paz, de origem utilitária, interes– seira e convencion~l,_ é o aniquilamento da personaldade humana, é a es_crav!dao . Seu !undamento é falso. Os que a pretendem 1:ª? tem por eAscopo a !raternidade universal, mas O predomm~o_de uns sobre os outros. O ódio, a VÍ..."1- gança e a impos1çao de vontades sem limites são os móveis e O objetivo dessas campanha_s, q_ue se alastram com roupa– gens salvad_?~as, procur~ndo ilud~ os espíritos desavisados. É paz permc10sa, malfe1tora. Nao possui a base da verda- - 53 -

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