Revista da Academia Paraense de Letras 1962

POEMA DA JANELA ABERTA ''Pucdo ·b· 1 escn ,r os versos m:ís tristes esta noche'" (Poema XX - Pablo Nerud.a) BRUNO DE MENEZES Esta .lua, convida a escrever tristes poemas . .. A, n?zte e de romance; abro a janela ao luar. So, znsone, sinto me oprimir a minha solidão E ela aqui não está. Por que ? Qual a causd ? Se . e~ fosse procurá-la talvez que ela viesse. · De nos dois, qual poderá dizer agora: - Amei/ E a sua voz, o riso, as lágrimas, mentiriam? Sou poeta, sentimental; ela, apenas mulher. .. Em n-oites como esta, enluaradas, pude tê-la amorosa, em meus braços, sem pureza nenhuma. E como nos beijamos ! Dela, porém, não sei. .. Nosso encontro teria sido uma nova aventura ? .este o desencanto maior. . . Aquela confidente lua, colmando as ároores, chegou de novo .. . E ela? Quem é qu,e a espera? Que é feito dela? Nem mais, a nudf,r; do seu corpo, a sombra total movendo.se no aposento. . . Apenas nada, nada ! Por que, quando possuída, ela cerrava os olhos para não ver-lhe a alma, que supuz conquistar ? Relembro : ela chorou por mim. . . E nesta hora amava-me concordo. . . Eu a quís muito, é certo. Ronda a Íua. Plenilúnio. Há estrêlas perdidas. Ela estará assim va_qando, sem ter destino ? ... O coral dos galos despertava:nos . . . Este:7-uada, seios pedindo afagos, eu a deixava e partia. : . . Será que ela não sofra ? Inconformado, inquieto, meu coracão busca encontrá-la. . . É a esperança. Quisera, a~inda uma 1Jez, ouví-la chamar meu nome. Se o amôr é môrto, restaria ao menos 1.t'!71' <!~e:1-8 . . . S ,_,h nela Fácil foi começar; e dificil v -,,, o, penso . - 49 .-

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