Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS Quero fazer uma floresta, um prado, uma seara, para a fome de todos os viventes . Dêem-me a luz dos astros ignorados ! Quero fazer um dia que nunca mais anoiteça e criar uma vida que não morra nem o tempo envelheça. D{,,em-me todo o amor que os deuses reclamaram ! Quero fazer o amor que faça os homens bons ! Dêem-me a paz das serras e dos vales ! Quero fazer a paz que ábrace o mundo inteiro, sôbre os mortos da última batalha ! Mas dêem-me também a fôrça das cascatas, dos ventos, dos trovões, das ondas e das feras ! Quero arrasar depois o mundo que sair das minhas mãos, se fôr mais imperfeito e mais injusto do que a obra de Deus ! E é sob o peso dessa emoção suprema. que agitou o mundo e empolgou, estarrecendo quase os habitantes da terra, que V. Excia. ingressa nêste Silogeu . Grandes são as suas responsabilidades a partir desta hora, mas temos con– fiança na vitória do seu talento, e dos seus conhecimentos técnicos e especializados. * * _ No prefácio de suas "Memórias", Humberto de Cam– pos escreveu : "Chegando onde me encontro, faço como aquê– les gregos antigos, que, cansados de peregrinar pelo mundo, sentavam-se, um dia, para morrer, à porta dos templos, ofe– recendo aos deuses, numa última benção à vida, as suas sandálias, o seu cinto e o seu bordão". V. Excia. chega à porta dêste templo de luz, de poe– sia e de arte, sem estar cansad~, exuberante de vida, resplan– decendo de entusiasmo, energia e vontade de vencer . E à porta dêste templo não se sentará. Ficará, como nós. de pé para defendê-lo e elevá-lo. E oferece, aos que o recebem hoie' jubilosos e conscientes da justiça que lhe fizeram, a sua ni~ cidade honrada e honesta, a sua cultura reconhecida e O seu idealismo lúcido e sadio. Seja, pois, bem vindo, acadêmico Jarbas Passarinho. ..:__ 42 -

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