Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS E ~sse agradecimento se impõe, porque como procla– mou Osvaldo Orico, ao se refe1ir à sua mãe em suas Memó· rias, foi "ela a reveladora, a animadora, a testemunha de todos os atos que a sua imaginação ensaiou romper a obscuri– dade das origens para conquistar um lugar ao sol. Foi ela que renunciou às suas jóias para que jamais V. Excia. re– nunciasse aos seus livros; que abdicou de tôdas as regalias, para que não lhe faltasse o indispensável. Foi ela quem dis– tribuiu o pouco que tinha aos filhos, multiplicando-se como fada para estar presente em cada etapa do caminho". * * Senhoras e senhores : Quando a ciência atingiu cul– minâncias imprevi~íveis, com Gagarin e Shepard Junior rea– lizando "um passeio de pássaros entre nuvens", com "duas estrfüas brilhando dentro dos seus olhos", o que prova a vi– tória do homem sôbre o Cósmos, temos de acreditar, com o mais honesto dos propósitos, na grandeza da cultura hu– mana e na elevação perfeita das artes, ambas visando a li– berdade e a paz dos povos, para que as gerações futuras des– frutem de uma felicidade perene e real, diferente da que conquistamos a peso de sangue, suor e lágrimas, e apesar disso ainda intranquila. Deixando a terra para ~lcançar êsse "adjetivo de côr do céu sem nuvens", que é o azul das alturas, o homem só deve ter o pensamento voltado para Deus, poder supremo, que, alicer~ando a fé, aprimora a inteligência e humaniza as criaturas, porque é de amor e de compreensão que o mundo precisa para conhecer a paz e o bem. · É de compreensão e de amor que o mundo precisa para ·;·' · conhecer a paz e o bem, para que possamos dizer como o poeta português Campos de Figueiredo no seu belo e opor~ tuno poema "Gênesis" : Dêem-me terra e pedras ! Quero erguer uma serra até às nuvens, para o vôo das águas. Dêem-me as águas tôdas do dilúvio ! Quero fazer um mar sem ondas e sem ventos para os navios da paz ! Dêem-me ._novas sementes de plantas inexistentes" ! -41- ' I