Revista da Academia Paraense de Letras 1962
OCIOS DE UM ESPlRITO SONOLENTO Acadêmico PAULQ MARANHAO O mês de junho é de alegria para todos. Andam no ar, a~voroç~tes, o prazer e os fogos . Para mim, porém, ju– nho e o mes das lembranças dolorosas. A 9 dêsse mês de 1897 morria o galhardo Natividade Lima, poeta de ardente inspiração . Os versos que nos deixou - "Musa Boêmia" - foram publicados depois do falecimento. ' · A 16 d~ junho de 1900, aos 3? anos, deixava de pul– sar o coração de Frederico Rhossard que· restituíu o espírito a Deus, num rio longínquo do Acre, aonde fôra tentar a vida. Lembro-me de que eu deixára o trabalho às 3 da ma-· drugada, e, em rumo de casa, encontrei-o no então Largo da Pólvora, caminhando em sentido oposto, com destino ao trapiche da Amazon River, para tomar o vapor que ia levá-lo· aos braços da morte. Ignoro o fim que tiveram os seus versos, reunidos por êle num conjunto que Martins Junior prefaciára, e a que o. · autor dera por título a singela e descolorida palavra "Estro– fes". Sôbre essa coleção não se projetou a luz da publici– dade até hoje. Em que mãos paira ? A 23, ainda de junho de 1897, extinguiu-~e subita– mente, aos 20 anos de idade, Leopoldo Sous~, que foi piet1; amigo fraternal desde a infância. O seu livro de versos - "Sombras" - do qual a primeira edição foi publicada em 1890, e a segunda em 1926, .~6 .. a~gs, após, por diligência de outros dois poetas igualmente extintos, Eustáquio de Aze– vedo e Olavo Nunes, reflete a poderosa sonoridade e esplen- · dor da sua lira, cujas vibrações ninguém .diria serem obra de uma inteligência elementarmente instruída. , o fatídico mês de junho de 1902 e 1907 chegou ao seu têrmo abrindo mais duas sepulturas. Uma para João de Deus do Rêgo e outra para Juvenal Tavares . - 5 -
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