Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA A CADEMIA PARAENSE DE LETRAS ensinado pelo livro afeta nossa conduta e influencia nosso desejo. A vida, sim, educa - e o amor mais que tudo, arre– mata expressivamente o autor de "A História da Filosofia". Foi o que aconteceu com V. Excia .. Depois de t er apurado a inteligêincia· nos livros, e aperfeiçoado o talento no manuseio das obras consagradas, veio à vida , ao rés do chão - V. Excia. que já tinha a dureza da vida perpetuada na memória - e descobrindo melhor o mundo e conhecendo mais intima– mente os donos das posições transitórias, horrorizou-se com a exploração do homem pelo homem, revoltando-se contra a fôrça dos mais ricos e mais fortes espoliando a pobreza e a necessidade - jamais a fraqueza - dos humildes. Com– p reendendo a vida, sentindo-a - e já a havia experimentado na própr.ia carne lá no Xapurí - V. Excia. , vocação de es– critor tanto quanto de militar, perpetuou em um romance uma das páginas mais negras da história social do Pará, es– tigmatizando, com o estilete em brasa da verdade faiscante, a maldade de um latifundiário impiedoso. Foi quando, sem dúvida. V. Excia. percebeu o verdadeiro sentido daquela frase de Maurois por V. Excia citada em artigo publicado em 1954 na ''Revista do Clube Militar : "Um chefe pode, e mui– tas vêzes, deve ser severo; não tem o direito de ser mau, nem I " crue , nem rancoroso . Acadêmico Jarbas Passarinho : Invejo a ventura de v. Excia . , hoje, porque ao regressar ao seu lar terá a glória de beijar a fronte de sua veneranda genitora. V. Excia. pode dizer o que eu e o acadêmico Eldonor Lima não podemos ao ensejo dê noss~s. po~ses na ~L. E me permito r epetir agora um lance sigmf1cat1vo do discurso de Paulo Setubal ao in– gressar na Casa de Machado de Assis e iá por mim citado na saudação que fiz em 1957 a Eldonor Lima : "Deixai que 0 meu coração comovido e respeitoso, penetre, por um mo– mento, muito de m~nso. numa casa modesta de bairro sem luxo. Nessa casa, a estas horas, nesta mesma noite, está uma velha tôda branca, 80 anos, corcovada, com o seu ro– sário de contas já gastas, a r ezar diante da Virgem pelo fi. lho acadêmico. A • Deixai, pois. srs. academ1cos, que o meu coracão vôc para a cas~ modesta.do L bairro se~ luxo, entre_ no quarto do oratório, aJoelhe-~e dian1,e ?ª velhmha bra1;-qumha, beije-lhe as mãos e, na b~1lh~nte n~~te_engala12ada deste triunfo, diga. lhe, por entre lagrrmas : Mmha mae, Deus lhe pague 1,, -40- o il • ( J

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