Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA P ARAEtrnE DE LETRAS quiseram aprender. Era um homem que se sentia feliz e alegre vendo os seus amigos alegres e felizes. Sua chácara, no subúrbio da cidade, estava sempre aberta para receber os seus camaradas em mesa farta e abundante. Esclarece ainda o mestre Alves Maia que Passarinho, preocupado com o pro– gresso local, incentivou a lavoura, aproveitando a exuberân– cia do solo, fazendo grandes plan,tações de cereais de que não tirou proveitos econômicos, por distribuir a colheita com os amigos necessitados . Veio então a debacle da borracha, a certeza de que o Brasil não era mais o único orodutor e, em 1928, o Acre atravessou grande_crise, como tôda a Amazônia. Passarinho - ainda é Alves Maia a_uem informa - preo– cupado com a educação dos seus filhos (e aqui está mais uma prova de que a primeira escola de civismo e de moral é o lar ) teve de vender todos os seus haveres, conseguidos em SO anos de lutas e trabalhos insanos, passando a outras mãos a sua oficina por uma bagatela. Abandonou a terra, que tanto lhe ficou devendo, regressando ao Pará, onde suportou estoicamente todos os revezes da sorte, íntegro, sempre leal, honestíssimo, firme nas suas atitudes. Dostoie-wsky afirmou que "nada mais poderoso, mais elevado. mais útu do que uma boa recordação da infância: o homem que conseguê reunir muitas, estâ salvo para tôda a vida. Mas uma só basta" . Jarbas Passarinho guardou muitas e tôdas úteis. Mas deve ter guardado no subconsciente as mais importantes jus– tamente as que lhe bastaram e o transformaram no que é : a lealdade e a honestidade. Filho de homem rico, Jarbas Passarinho teve infânéia pobre e pobre permanece até hoje na fortuna da sua hones– t:idade inatacável. E teve de seguir na vida a estrada da po– br eza . que exige muito mais heroísmo porque está cheia de cfüiculdades e t entações, na definição acertada de Osvaldo Or ico . Teve infância pobre, porque a debacle da borracha atingiu d-e cheio o grande Vale, descendo a produção de 39.370 toneladas em 1917 para 22. 580 em 1923, ano em que o sr. Inácio de Loióla Passarinho, depois de esperar em vão du– rante 6 longos anos a nova alta do preço do produto básico da Planície, gastando o que havia economizado, resolveu re– tornar a Belém a fim de educar os filhos em escolas secun- - 36- 1

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