Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS * * No mesmo di.ário, Jarbas Passarinho cita êste pensa– mento de SOMERSET : "Uma das coisas curiosas da vida era ver todos os dias, durante mêses, uma pessoa e tornar-se– lhe a gente tão íntima a ponto de não poder imaginar a exis– tência sem ela. Vinha depois a separação e tudo prosseguia de idê,ntica maneira, de sorte que a companhia que parecera essencial, revelava-se desnecessária. A nossa vida prosseguia e nós nem ao menos lhe sentíamos a falta". E indaga Jar– bas Passarinho : Mas ... a extensão dêsse pensamento ex– perimental atingirá o amor?" E exclama : "Que vontade de escrever AMOR !" E novamente pergunta : "Ou, então, qual será o conceito do passado ? Tempo objetivo ou alma ?" Creio que àquela hora, noite em alto mar, isolado de tudo e de to– dos, dentro de um navio rumo à guerra, com a intensa von– tade de escrever amor e sonhando com a felicidade, que tão distante via, e que hoje vive tão perto e peTmanentemente ao seu lado, excepcionalmente dedicada - a dona integral desta noite de glória, senhora Rute de Castro Passarinho - Jar– bas· há de ter quebrado a sua altivez, rendendo-se ao ataque indomável da saudade e recitado baixinho o admirável so– neto do grande poeta paulista Paulo Bonfim : Tão distante eu me via dos teus olhos que a treva me roubava a intuição; minha alma na1.tfragava sôbre escolhos, meu ser se desfazia em cerração . RESSURGISTE das sombras e das luzes, da memória de tempos já perdidos; a flama da quimera que condu.zes é vida de outros céus desconhecidos . RIOS azuis indicam no alabastro de tuas mãos novíssimas jornadas. Guig. dos meus caminhos, rosa de astro. BEATRIZ das alegrias proc1.tradas, tú qit,e és início e fim, água e granito, ·r eflete em meu inferno êsse infinito. -34- e

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