Revista da Academia Paraense de Letras 1962

o í REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS morre", impossível sonhar honestamente sem a nobreza, a pureza, de um ideal elevado, construtivo e humano . Eis porque, élO ensejo de saudar Jarbas Passarinho com o coração em festas, já que quase exigi, apoiado em ~ossa amizade, que assinasse o pedido de inscrição aos nossos qua– dros, presto primeiro minhas homenagens ao seu caráter. Sim, ao seu caráter, pois é de. dignidade e de honestidade, meus senhores, que o Brasil precisa e não de demagogia e de loucuras. A sua vida - escreveu o acadêmico Santana Marques com a sua autoridade de jornalista lúcido e independente - "a sua vida é uma reta imperturbável entre o desempenho do dever público e um lar que êle dignifica no sentido cristão com muita devoção e com muito _sacrifício, o sacrüício do homem que prefere lacerar as mãos cavando a pedra d~ que apanhando o ouro das posições, em que tantos se atolam até o focinho". - De um diário de viagem de Jarbas Passarinho. escrito em 1945, em redação tipo militar, -extraí o seguinte, que bem confirma a rigidez de suas atit11des. Escutemos : "positiva– mente, dentro de mim, há como que duas fôrças: ambas poderosas, que se entrechocam : o raci0cínio e o impulso amoroso. Hoj e vejo, e mais do que ver eu sofro, as conse– quêLncias de aplicar um princípio rígido numa vida tão mul– tifária. Não, eu não estou sob pressão cu revolta. Estou calmo. (Talvez se en fumasse o estivesse mais) . É que che– guei à conclusão de qne o meu binômio - lealdade e hones– tidade - está sofrendo deturpacão de minha maneira de ser (onde é que li aquêle verso espelhante de uma placidez feliz : "Eu desejo deixar de existir, quero ser)?" E acrescenta : "A essa lealdade, às vêzes arrogante, devo esta l~üa interior que me consome. Parece que mesmo a minha felicidade ficn em suspenso, se é preciso quebrar mi,nha altivez". Jarbas Passarinho pode se1.· comparado ao extinto e ilustre educador, prof. Dr. Francisco Venâncio Filho, um dos fundadores do- Grêmio Euclides da Cunha e da Associa- , ção Brasileira de Educação, sôbre quem Fernando de Aze– vedo, disse ter "a consciência tão escrupulosa quanto o espí– rito r et o, e possuir essa pequena coisa, sumamente impor– tante, que se chama autoridade, e entr~ o esphito e o cora– ção parecer circular uma corrente contmua , de luz e calor, que nunca permite ao_coração d~er ~ ~lti:I1a palavra_ sem que seja ouvida a razao nem a mtehgenc1a pronunciar-se sôbre o que quer que seja sem se aconselhar com o coração". -83-

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