Revista da Academia Paraense de Letras 1962
JARBAS PASSARINHO E A CADEIR'A NOMERO 11 (Discurso pronunciado pelo acadêmico George– nor Franco, na sessão solene do dia 30 de maio de 1961, da Academia Paraense de Letras, para a re– cepção ao novo "imortal" Jarbas Passarinho). Ano trágico para as letras regionais, e para a Acade– mia Paraense; de Letras em especial, o de 1960. Sucessiva– mente quase caíram autênticas catástrofes sôbre esta Casa, aniquilando vidas preciosas, am;eoladas por um soberbo e edi– ficante sentido humano : Paulo Eleutério, Manuel Lobato e Avertano Rocha. Par,ecia que })avia dos deuses o propósito de derrubar titans. E entre os oue caíram, tombou, à maneira de João Ribeiro na expressão de Paulo Setubal, "aquêle jequi– tibá magnífico, .entrançado de lianas balançantes, enfeitado de parasitas alegres, todo chil_reado de pássaros". Foi ~ver– tano Rocha, que morreu pràticamente no dia em que, entre a1egrias da espôsa, dos filhos e dos netos, festejava os 77 anos de idade, 77 anos bem cheios e bem vividos, durante os quais outra coisa não fez senão dedicar-se às letras, à arte, à ciên– ci;:t, à educação da mocidade e ao alevantamento cultuml do Pará e do Brasil . Luis Murat, quando do falecimento de Victor Hugo, escreveu : "Morrer não é desaparecer; é ausentar-se. Todo ag,1:1êle que tem atuado, ou melhor, que tem sido uma função, não morre . Viverá pela razão direta do esfôrço vital que transmitiu às suas obras, quer científicas, quer literárias, quer artísticas". ~ assim a·conteceu com o mestre Avertano Ro– cha. Pode-se dizer do saudoso médico e advogado o que êle mesmo afirmou, em magnífico perfil psicográfico de La Fon– taine - o mais sutil, e o mais original dos poetas francêses - foi um adversário irreconciliável da maldade e da hipo– crisia, em suma, moralista, profundamente moralista aman– te da beleza e mensageiro da. bondade. Aliás, no di~ de sua -31-
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