Revista da Academia Paraense de Letras 1962

R EVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS social que é o pauperismo, Avertano desejou ser mais útil do que o pode o próprio médico. Tornou-se político militante. Doutrinou em favor dos pequeninos e desafortunados. Com– plementou a ação puramente sacerdotal, com um apostolado político em que se engrandeceu ainda mais, pelo espírito pú– blico, pela seriedade do seu exemplo pessoal, pela coragem serena, mas intransigente, na defesa da Liberdade. Sonhador, direis vós! Melhor, redarguirei. Melhor porque os sonhadores são os artistas autênticos. Sem os so– nhos dê1les, o mundo livrar-se-ia das utopias, mas não teria um milésimo da sua grandeza atual . Seria material demais, mesquinho em demasia, na sua inexistência de renúncia e de misericórdia , mas sobretudo árido, e amargo e intolerável pela falta de imaginação criadora. Raimundo Avertano Barreto da Rocha, professor, ad– vogado, médico, político, literato - foi um artista criador . Filósofo o foi permanentemente, invariàvelmente. A êle se aplica, pois, o conceito de Hipócrates que êle mesmo citou, em palestra nesta Academia : "O médico que é ao mesmo t empo filósofo e artista, êsse é um homem semelhante aos deuses". Tenho, pois, minhas Senhoras e meus Senhores, ao encerrar as palavras com que marco, nesta Casa, a sucessão a Avertano Rocha, a convicção pacífica e serena de que o não substituo. Apenas ocupo a sua cadeira, que se não pode substituir, de modo algum, a "homens que se assemelham aos deuses" ! -39-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0