Revista da Academia Paraense de Letras 1962

( . , l REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Uma série de empolgantes e encantadoras cenas se desenrola, prendendo a atenção dos espectadores, que emo– cionados, de quando em quandc,, fazem .reboar pela sala os seus aplausos . Não há desejar-se, por impossível, melhor interpreta– ção a êsse papel do que o fez Maria Caetana. Sua voz fremente e arrebatadora, seus gestos de louca lúcida, sua atitude, sua movim_entação, tudo reproduz a ima– gem fiel da histérica heretomana . E o homem frac9 por excelência, menospreza, soberbo, os preconceitos sociais e parte para o desconhecido, arrou– bado pelo entusiasmo. Assistindo ao espetáculo, perpassou-me pela mente o episódio de Cirano de Bergerac, quando Roxane assentia em dar um beijo ao seu apaixonado, sob condição única dêle o definir. 11:le, porém, só sabia dizer : "je taime", e mais nada. É quando um amigo o socorre, e diz•: "Um baiser, mais, à tout prendre qu'est ce? Un serment fai d'un peu plus prés, une promesse Plus precise, up aveu que veut se confirmer Un point rose qu'en met sur li du verbe aimer .. . E o infeliz também apaixonado, de cujo coração par– tiram aquêles versos só teve ' de consolar-se, monologando : "Mais dans ces levres oú Roxane se leurre Elle baise les mots que jai dit tout á l'heure . . . . E assim, o Alfredo da peça de ontem, apaixonou-se pias palavras que ouvia, e não pela mulher .. . NOTA - O autor desta crônica foi o saudoso acadêmico Dr. Or– lando Lima, méc!.ico de grande nomeada e amigo inseparável de Acilino de Leão. Era frequentador assíduo de teatros . · Maria Caetana, que representa na peça de Escuder, é a filha de Renato Viana, cuja companhia dramática tantas "tournés"' memoráveis rea- liwu no nosso Teatro da Paz . (N. do R. ) . - 208 -

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