Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REMINISCENCIAS ••• Certo dia a "Fôlha do Norte" publicava : "NOS DOMíNIOS DA ARTE" O. L. "A mulher que esqueceu o nome" . - Tal o rótulo do trabalho de Miguel Escuder, ontem levado à cena no Teatro da Paz. Advogado jovem noivara-se com uma donzela saída do "Internato da · virtude", sob a satisfação de am):>as as famílias. A sós, com a noiva, êle, delirante de entusiasmo, ela esquiva e fugídia, ficam ambos surpresos, qua:i;ido, às s_úbi– tas, irrompe pela sala uma mulher nova e desgrenhada, que escapava aos apupos da multidão, cujo alarido se ouvia lá fóra. · · Sem hesitação dirige-se ao noivo recente, rodeia-lhe com os braços o pescoço, e palavras ardentes,. de amor lhe caem dos lábios . "Quem és tu, de onde vens, não te conheço, dize ao menos o teu nome ? - indaga êle perplexo. "Não me co– nheces, mas tu és _aquêle _que ~odos julgavam morto, me- .. . , . . nos eu . Olha, tu és meu, teu nome será sempre o meu". E palavras saem, cantantes, apaixonadas, arrebata– doras daquêles lábios frementes de mórbida paixão, por um ser que se constituiu idéia obsessora e fixa no cérebro de uma infeliz presa de loucura sentimental. Deixando-se embalar pelo· ca,.nto mavioso daquela se– reia, o advogado, que jamais ouvira expressões tão sentidas, não as atribue ao cérebro de uma demente, ao revés, julga-se realmente, objeto de entusiasmo, oriundo de suas qualida– des pessoais. - 207 -

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