Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEM IA PARAENSE DE LETRAS de Anatomia Patológ.ica do Hospício Nacional de Alienados di– rigido, na época, pelo distinguido prof. Juliano Moreira, o ni~stre da Psiquiatria brasileira, a pesquisar a estrutura da celula nervosa (os neuronios) nos microscopios do Laboratório, como a adivinhar que sua·vida fôsse tão curta e em tão pouco tempo de existência, teria que legar à ciência médica brasileira, a grande descoberta da "Leishmania brasiliensis", que bem poderíamos chamar de "Doença de Gaspar Viana", em sua homenagem. Srs. academicos, como brasileiro e, principalm,e~te, como paraense, tive uma das maiores emoções na minha vida de estu– dante quando cursava a cadeira de Paras,itologia no 1. 0 ano da nossa Facuída·d.e de Medicina, .tão eficientemente ministrada pelo f clecido Prof Pinheiro Sozinho.. Ao manusear os tratados de "Precis -de Parasitologie ,Humafoe'.', de P. Verdum et A. H. Man– cioul, e: o conhecido livro de Parasitologia de Brumpt, :encontrei citado ·o nome de Gasp_ar Viana nesses tratados. Que orgulho ! - Que admiração para mim, encontrar O no– me de um brasileiro pan~~\nse citado pelos maiores nomes da pa– rasitologia universal. .. · Relembrando uma das passagens, que considero pitoresca, na vida academica de Gaspar Viana, o saudoso academico Orlando Lima, em seu discurso de posse, fazendo um estudo do patrono de sua cadeira, disse: "De uma feita, na Faculdade, Gaspar Viana prestava exame· de Fisiologia. Eram três os examinadores, pre– sidida a banca pelo catedráticó da ·disciplina. · ~ Seu Gaspar, ·disse o professor presidente, sua prova está urna coisa horrivel, eivada de êrros palmares de ortografia, que um menino d.e escola não comete!". _:_Me·stre, responde Gaspar, pennita V. Excia., que lhe lembre: o exame· que faço agora é .de Fisiologia; p11~aratório de Português eu já tenho". · . . -=-.Está. bem, retrucà o professor. Diga-me, então, o que se ·sabe sôbre fisiologia do cerebelo. ···. · . _ Eu ?- Não _sei nada, .como ninguém, foi a resposta. .- . - Então, diz o mestre, o sr. se atreve a dizer que ninguém sabe nada de cerebelo ! Que desplante ! - Mestre, ~n~inua Gaspar, não sou eu quem isso afirma, é o·tratado de Fisiologia·de Morat e Doyen, na opinião de V. Excia., 0 m:-Jhor e majs completo até hoje conhecido, que inicia o capí– tulo por esta for,na: !'Aind~ hoje nada se conhece de positivo sôbre a fisiologia do. cerebelo" . · Ora, se Morat e Doye·n, tratadistas de renome universal de- claram que não sabem nada, imagine eu. . . e muita gente". ' · Os professores ·entNólh_aram-se, sorrindo, e O arguidor, 212 -

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