Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA . ACADEMIA PARAENSE ' DE LETRAS quena história, depois de longo mourejo nas lidas da ficção". Na orelha da mesma coletânea, apanhamos esta pas– sagem que vem reforçar a nossa assertiva anteriormente ex– pendida sôbre a pouca atenção que se vinha dando ao conto em nossos círculos intelectuais : "Dentre os muitos juízos pessimistas que circulavam pelos arraiais da crítica e pelos domínios editoriais, um havia que se tornou verdadeiro axio– ma e ao qual durante muito tempo não se procurou fazer ne– nhuma oposição. .Assim é que se afrrmava ser o conto um gênero ingrato que não contava com a predileção do público Há, contràriamente ao que se pensava, profundo interêsse pela forma literária cultivada com maestria por Maupassant, Katherine Mansfield e Antqn Tchecov". Um conto requer do ficcionista labôres e recursos pau. co avaliados . Para chegar a êle, em seu domínio mais puro, há muito caminhar, muito apurar e gôsto e a percepção; o • poder de apanhar o essencial e saber usá-lo; o cuidado em valorizar a palavra que é curta e áv,ara nêsse áspero arteza– nato, o empregá-la na hora precisa, no momento justo, sem perder um til. · o conto em sua inteireza tem que ser exato, curto, pro– fundo e expressivo. "Antes de tudo - diz um antologista - o que se deve exigir de um conto é que seja interessante. o ponto de partida para se chegar a uma conclusão mais ou menos. razoável é o clássico : Se um romance deve ser roma. nesco, se um poema deve ser poétiêo, um tratado de filoso– fia deve debater idéias, é justo que um conto "conte" alguma coisa. - É verdade. que há "contos" em que nada sucede". A arte de contar histórias, se a formos pesquisar em suas origens mais remotas, podemos asseverar que se perde na distância dos séculos. como elemento de associação, de imposição psicoló– gica, diremos que está ligada o mais intimamente possível à própria evolução da humanidade, como processo de confi– guração não apen_as emotiv,a, mas social. Dos mais recuados ~nais da antiguidade nos chegam notícias das narrativas de feitos guerreiros, de episódios dra– máticos, nos túmulos e_gípcio~ ou em seus papiros. Na Gré. ·eia de Homero e de Aristóteles a arte de contar toma aspectos mais amplos e mais elevados . Entre Ç>s bardos e menestréis da Idade .Média, nas C.anções. de .Gesta que _outra coisa não eram senão um prócesso embrionário entre o poema e o -~.203 .-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0