Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ram no conto a sua glória máxima e dêle fizeram um culto exclusivo. O valor de contista, de artista essencial, que dedica a essa laboriosa urdidura tôda a sua sensibilidade, só há bem pouco vem tomando corpo no panorama literário nacional . ultimamente uma real valorização do conto, como obra de arte por excelência, se vem fazendo notar com o surto de publicações de que estão abastecidas nossas livrarias. E nêsse setor, deve-se à editora Martins a feliz oportunidade dessa divulgação. Mas, não só no movimento publicitário das edições comerciais se manifesta êsse gôsto pel,a pequena história, também na voz da critica especializada e nos órgãos mais destacados de divulgação literária no país. Através dos tempos, de Bocaccio até nós, o conto tem sido a mais sutil característica da ficção, e não poucos têm bastado para eternizar um autor na história da palavra es– crita . Um contista não é tão só um diletante da arte, um bosquejador superficial de aspéctos da vida, mas um estilista d,a súmula, um ourives da concisão, para quem a essência constitui não só um sentimento de arte como a consciência da própria arte . o conto, situado entre o poema e a novela, não dispõe dos maleáveis meios-termos em que aquêle pode ser tecido, nem das ,amplitudes e liberdades em que esta, sem chegar ao romance, se desenvolve . É um martirizado do esp_aço; um instàntâneo da vida, devendo conter-lhe a substância sem abusar da minúcia . Em sua introdução a uma antologia do conto moderno, assim se expressam os seus editores : "Bem sabemos que ao lado da lista de nomes que o índice desta obra apresenta, o leitor poderá enfileirar com facili– dade outros tantos nomes de valor idêntico, senão maior . Isso não prova outra coisa senão que o gênero, em que pesem .suas düiculdades, é dos mais fecundos e que todo grande ficcionista, cêdo ou tarde, nêle vem pousar . Em geral o principiante começa escrevendo contos. Acha mais fácil do que o romance, menos complexo. Duro engano, pela síntese que exige, pe1a precisão e conteúdo psi– cológico, por um sem número de outras qualidades, o ficcio– nista, a não ser que tenha nascido para o "metier", ou se -trate de um gênio, - sómente atinge a obra prima na pe. -. 202 .-

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