Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS de perdoar-lhe o excesso, que é ~le marcado por um dos sen- t· mais parciais : a amizade. . . . timen ~s- longe fomos na reação sediciosa à Democracia, ª 0 Diretório no Ginásio "Paes de Carvalho", foi f e- que o nosso , e D. t t' nhamos h d por atividades extremistas. orno 1re or, 1 ~a O das figuras humanª'-5 mais bondosas e tolerantes _que á ontrei na vida. Declino-lhe o nome com veneraçao e hn!~~a saudade. Que incomparáv~l educador foi H~norato Filgueiras, 0 Tabajara que nos ensinou a amar, c_amoes t A Polícia Política, preocupada c?m a audacia _da nossa - revolucionária guís conduzir um Inquérito, para pregraarçaoa extensão das 'idéias. de esquerda e de direita em apu A A ·t . é– nosso órgão estudantil. ~o~orat? opos-~e. c_e~ ava o mqu rito, desde que fôsse adI_mmstrativ_o e nao policia~. Corre em tradição que teria convidado,. ei:tao, um dos mais benévolos mestres do Ginásio para a missao: Avertano Barreto da Ro– cha . Mas não podia ser inquisidor, mesmo que para bene– ficiar alunos quem pregava, nas aulas de Filosofia, o mais amplo direit~ de crença. Recusou-se, polidamente, que não era homem incivil, mas sereno . É a êsse Avertano Barreto da Rocha, nobre e gene– roso, a quem tenho a honra e a res~onsabilidade de substi– tuir na cadeira n. 11 desta AcadeIJna . O HOMEM - A VIAGEM Não completara Raymundo Avertano 16 anos de idade, quando, em 1899 os pais decidiram mandá-lo ao Rio de Ja– neiro. Lá deveria ultimar o curso de humanidade. até então feito no "Liceu Paraense", e matricular-se na Faculdade de Medicina da metrópole. O destino, porém, acabou por fazê-lo estudante de Direito, na mais tr~dicional das Faculdades do Brasil : a do Recüe. Separar-se, tímido adolescente, dos pais que tanto des-– vêl~ punham em educá-lo, foi-lhe doloroso e cruel. Numa página comovedora de memórias, Avertano recorda o episó– dio. Sua mãe acompanhara-o até .º trapiche. Há dias que os conselhos lhe eram dados e repetidos. Advertiram-no contra os perigos que uma cidade cqmo o Rio de Janeiro, em pleno fim do século XIX, podia oferecer a um rapazola da provin– cia. Até então, Avertano mostrara-se forte. Quase sereno No instante, porém em que tomou a benção à santa mãe f~– giu-se-lhe a coragem, destruiu-se-lhe a serenidade. Desabou em _pranto convulso. Olhos postos no chão, incapaz de en– cara-la novamente, disse-lhe adeus e embarcou na lancha - · 22-

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