Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS - E foi o que o salvou, - disse, continuando. A sua co– leção de autores antigos, que ele se propoz lêr no próprio idioma, constituiu um manancial de consolação. E assim, passou Helio– doro, a viver nas suas horas de gabinete, em íntima comunhão com os grandes clássicos de outrora... As nossas imaginações de visitantes estavam, - como é de se conjecturar, - cheias de tôdas aquelas epopéias magnífi– cas, que formam, sem dúvida, a mais bela fonte de inspiração lite– rária. Era a Grécia que resurgia aos nossos olhos, com todo o sen prestígio do tempo de Péricles. Ouviamos o reboar longínquo das batalhas; compreendíamos a era maravilhosa, em que gênios, como Sócrates, Platão, Aristoteles, Fidias, Apeles, Hipocrates, va– gavam comumente pelas ruas; e entrevíamos os teatros ao ar livre, onde os poetas e os mais eloquentes trágicos, representavam as suas peças extraordinárias, das comedias de Aristofanes, às trage– dias de Esquilo, - que haviam de causar depois, o assombro da Posteridade . .. Tudo isso povoava a nossa mente, como recordação de um sonho. E admiravamos a existência metódica do ilustre cidadão que nos recebia, - vida de estudos, tendo como compen~ação, um requintado gozo espiritual, e a variante, de uma viagem anual de seis meses, à Capital do país, onde reside uma sua filha. - Uma vida como a de Eduardo Prado ou Joaquim Nabuco, comentou Eldonor com propriedade. Mas era já meio dia. A atração que nos retinha, podia se tornar incomoda para o distinto casal, tão pleno de amavel hospi– talidade. Por isso, despedimo-nos. ····· ·Lã · fór·a: · ~ · ~h~~~ · ~~~ti~~-a~~- ~- ~~i;,· i~~ta·, · í~~t~~pta·, como que, comunicando ao ambiente húmido, o vago sentimenta– lismo de uma maguada saudade . . . -111- A CULTURA GREGO-LATINA -- -!!!_E:,stra proferida na Academia de Letras, pelo aca11êm~Ml.lrilo Menezes, na sessão de d'omin– go último. ~ de Maio de 1950) Exmo. sr. dr. Heliodoro de Brito: A Academia Paraense de Letras delegou a mim, - um dos seus elementos de menor valia, - a incumbência de vos saudar, depois de uma ausência de tão dilatados anos . .. - 190-

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