Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS chio de Azevedo, que, em seu interessante livro consagrado às le– tras do Pará ("Literatura Paraense"), assevera tratar-se de "dura injustiça que se nos faz" (pg. 9, 2a. ed.). Em verdade, a flagrante injustiça é feita até mesmo ao próprio José Veríssimo, que, paraense, tanto se projetou nas le- tras nacionais . . . · Acredito que, possivelmente, à dificuldade de comunica– ção se devem a evidente omissão havida no tocante aos valôres da Amazônia. Na sua inacabada "Lira Amazônica", Paulino de Brito co– locou o problema em justas proporções: • "Não somos, literàriamente, ricos; mas, na nossa mediana, ou mesmo pobreza, para essa indigên– cia vergonhosa que nos atribuem, a diferença é grande. Já possuímos alguns nomes nas letras que podemos com orgulho apresentar à conside– ração do país e do estrangeiro: e algumas produ– ções literárias que os mais conspícuos poetas da língua, quer antigos, quer modernos, poderiam assinar sem deslustre, antes, com glória para a sua reputação". E concluiu indagando : "Donde, pois, êsse abatimento que nos inflingem, êsse desprêso profundo e injustificável pouco caso com que são tratados, as letras e os !itera.tos da Amazônia" , Disto, se duvida: que se não aprecia o que por absoluto se desconhece". o que havia era, realmente, falta de divulgação, retrai– mento natural. O tempo se encarregou de desfazer o equívoco. Urge, agora, a-elaboração de um nôvo e completo ensaio sôbre as letras paraenses. Consoante a síntese bem lavrada de Eustachio de Azevedo, foi no século XVIII que começou o movimento literário no Pará, tal como aconteceu com o brasileiro, excluindo-se o período colonial Dentre os primeiros vultos paraenses coloca Tenreiro Aranha, Dom Romualdo Antôn!o de Seixas e Feli~e Patroni. A transição do culterarusmo para o romantismo se deu, no Pará, precisamente nos albores d~ nossa in_dependência, quan– do um grupo de poetas pretendeu cnar uma literatura brasileira, bem nossa, assumindo, já então, temas como o indianismo e ser- - 176 - o

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