Revista da Academia Paraense de Letras 1962
REVISTA DA ACADEM IA PARAENSE DE LETRAS Para utilizar a fidelidade do legítjmo linguajar para en– se, só mesmo quem recolheu em si a "alma de menino", que tudo viu e escutou, animismo êste que governa ·âs exteriori– zações do homem maduro . E, assim, nesta significativa mostra do realismo repro– duzido com a~ tintas do painel da infância, constata-se o fruto das impressões inesquecíveis, que Candinho, "O Príncipe das Ilhas'\ recolheu indeléveis, para as r,ecordações do artí– fice das letras, Cândido Marinho da _Rocha. Quanto à crítica estimuladora, ratificaremos o que opi– naram Judas Isgorogota, Philemon Assumpção, em "A Ga– zeta", de São Paulo, e Mário Alvaro, na série de artigos de "A Província do Pará", tendo salientado Isgorogota, "o admi– rável poder descritivo de que é dotado o autor de "Terra Mo– lhada" . --*-- Não fi.J;1daríamos esta insulsa desobriga oratória, sem prestar a reverência póstuma, de nossa reconhecida admira– ção, ao manancial de pródigos ensinamentos que fluíam do saber onímodo de Manuel Lobato, um dos eminentes funda– dores dêste Silogeu . A lâmpada votivà do merecido culto aos méritos e às humanas virtudes, que lhe distinguiram a personalidade, já iluminou êiste r,ecinto, com o brilho da oração do acadêmico · que biografou o último ocupante da Poltrona n . 1. . Somos, entretanto, devedores, de justos qualificativos ~ elegância de maneiras e aos atos de filantropia de Manuel Lobato, inspirando-nos em antigas relações amistosas que eram instintivas, na sua formação efetivo-volitiva. Nas inéditas linhas, escritas na ante-véspera de a "cei– feira de mãos geladas" executar a inexorável sentença, dita– das por conformado humour, diante de incoercível enfermi– dade, que o abatera pela derradeira vez, leiamos um documen– tário da lucidez sadia de seu espírito : "Meu caro Bruno. - Andava eu a sumir-me na areia engolideira da vida, mas era movido pelos meus próprios pés. De agôsto para cá, porém, o meu desapa– recimento começou ,a dar-se em vale de lençóis, o que pràticamente dispensa qualquer esfôrço meu . É nes– sas condições que recebo o presente real de teus "Onze Sonetos" . Mas estou em condições de os apreciar em seu inteiro valor. Apresso-me, pois, a dizer-te o meu
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