Revista da Academia Paraense de Letras 1962
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS com êsses quadros, minguam-lhe a naturalidade e o flagrante, quanto ao vigor comunicativo das descrições. Focalizando a literatura do conto, em que Cândido Ma– rinho da Rocha positiva as qualidades de criador imaginário, na apresentação de tipos quase à margem de seu meio, apro– ximamo-lo de Fontes. Ibiapina, em "Chão de meu Deus" e "Brocotós", contista nato e singular do Piauí. Dos apontamentos consultados, não consta que o pai– sagista de "Terra Molhada" haja tido vivência juvenil nas Ilhas do Norte, no arquipélago marajoense de Anajás e Afuã, sob a intermitência gostosa das chuv-as, quando a caboclada espera o "milagre do sol". E como discernir, vindas de "dentro para fora", as his– tórias da "Bela Conceição", do "Homem que não bebia água", do "Narciso do fim do rio", do "Príncipe das Ilhas", na urdi– dura entretecida de observações estratüicadas na mente da criança? , A tendência de suas narrativas, mescladas de um re– gional paraensismo, segue a esteira dê Pompílio Jucá, nordes-– tense que se refugiou e aclimatou nos furos e igarapés, índole propensa a "rabiscar" o -que assistia de perto, nos folguedos, nos putiruns, nas promessas religiosas do amazônida. Dei– xou uma obra rara, saborosamente roceira, que denominou as "Ilhas", com singelas e pitorescas "conversas", sem a for– ma pletórica de um Raimundo M.oraes, nem a erudição de um Alfredo Ladislau. São oportunos documentários honestos e valiosos. Tra– tando-se, porém, de subsídios para um levantamento da so– ciologia humana da Planície, há fontes pouco abeberadas, como um "Marabá", "A Fazenda Aparecida", "Terra Enchar– cada", "Chove nos campos de Cachoeira", "Terra de Icamia– ba", cada qual dêsses livros vividos por Líbero Luxardo, João Viana, Jarbas Passarinho, Dalcídio Jurandir, Abguar Bastos e outros volumes, de relativa temática sôbre a Amazônia da orla atlântica. Porisso despertou o nosso interêsse, o contemplativo Cândido, que jamais esqueceria. a bela Conceição, exibida pelo major, rodopiando nas valsas. E findo o "grande almoço", terminal da festa, os "pedidos para a viagem de volta" : "- Me dexa no aturiá do Limãozinho ? "- Quem vai pro Pracuúba ? "- Não te levo, cunhado, mas a mana tá no anzó... "- Te levo, mas tu rema e eu pilóto ... "- Ara, assim não serve... - 152 -
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