Revista da Academia Paraense de Letras 1962

DI SCURSO DE SA U DA _Ç Ã O A CANDIDO ROCHA PROFERIDO POR BRUNO DE MENEZES O escritor Cyro dos Anjos, "ficcionista de primeira gran– deza" no seu ensaio pioneiro, sôbre o fenômeno da "criação literá~ia" , estende-se, em profundidade, na meditação da fi. losofia dessa realização artística. Utilizando minúcias dos mais discutidos estetas e psicó– logos, entre outros, Felicien Challaye, Delacroix, .George Du– mas, aquê1e ensaísta assinala : - "Para compreender a poe– sia é preciso que nos façamos crianças, sejamos capazes de ho~pedar em nós, a alma do menino e de vestirmos sua ca– misa mágica, preferindo sua sabedori_a à do adulto". Ao aludirmos à "compreensão da poesia", não se in– tente julgar, que a formulação das idéias urdidas para esta saudação, venham a constituir alcandorado epinício às Mu– sas, eis porque, "na acepção da paJ.avra grega poiêsis, está implícita a "obra literária em geral". Estudando-se, pois, como "criação", o trabalho do es– cultor, do pintor, do músico, do literato, veremos que para êste iniciado, o escrever não é "uma procura, uma descoberta, uma conquista, e sim um destino quase inevitável". Levados na di1;eção sucessiva dessas emoções criado– ras, é que nos capacitamos, para alojar em nosso egocentris– mo, a "alma de menino", mais sábio do que o adulto, como o Peque110 Príncipe de Antoine Sant-Exupéry, que punha nos seus desenhos dos 6 anos de idade, a configuração do exterior e do interior, "a fim de que as pessoas grandes pudessem com– preender", porque "sempre necessitam de explicações". Seria, pois, no moqo de abrigar "em nós" a alma in– ~8{).te, e de usarmos a feiticeira "camisa mágica", que poderia– mos reintegrar nosso ser no remoto período da meninice. Conseguida, por êsse processo, a magia de regredirmos ~ aos "verdes anos", como nas confidências reminiscentes de . -- 1_45 -

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