Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS nuel ou ter a resignação de um Bruno de Menezes, que san– gra mas não emigra, que renuncia à consagração sem renun– ciar à sua sagração de grande poeta e de homem da planície completo no seu conteúdo paraensista. Grande seria ainda o desfile de nomes modernos que justificam a atenção dos homens de letras. Múltiplas seriam ainda as razões que fazem do paraehsismo o ápice da pirâ– mide intelectual do Pará . Deixo aqui apenas a semente, lan– çada nesta planície sem ócios verdes nem requintes frígidos. Que os homens de cultura, de ação e de ideal a apanhem e dela façam a plantação miraculosa da hora presente, para que esta Academia se torne dentro em breve o panorama mais belo da geração, na certeza de que no futuro receberá o salário cultural da gratidão desta terra querida. V A ACADEMIA Discípulo de Kant e mestre de Schelling, João Fichte, filósofo alemão, escreveu, certa vez "que os teus atos, não os teus conhecimentos, determinam teu valor". Acredito sin– ceramente tenha sido esta a sugestão que me conduziu à Aca– demia de Letras de minha terra . Valores maiores decerto existem entre nós, que com justiça podiam receber hoje a graça da companhia ilustre . Curvo-me, todavia, à vontade divina e ao impulso daquêles que me acolheram, os quais também poderiam pertencer à Academia dos Generosos, que existiu em Lisbôa, nos idos de 1647. Como Luiz Pinto, escritor paraibano, nascido quatro ános antes de 1907, em que, no dia de hoje, vi a luz, à Ave– nida São Jerônimo, então número 235, também pertenci, como estudante, a uma Academia - a Academia Livre de Co– mércio da Fénix Caixeiral Paraense. Se o beletrista paraiba– no publicou um livro denominado "Terra Sêca" que, segundo o professor Aurino Maciel, das Academias de Letras de Per– nambuco e Alagôas, é um grito dos nordestinos, o meu "Terra Molhada", na opinião de Judas Isgorôgota, é "um livro que se inspira principalmente na vida das pobres crianças de sua terra". Oxalá possa eu, ainda tal qual o conterrâneo do querido Romeu Mariz, um dia ajudar alguém a publicar uma "Anto– logia Paraense", como, em 1951, lutando penosamente, con– seguiu Luiz Pinto publicar a "Antologia da Paraíba". E aqui me apresento, senhores, sem complicações filo- .- 142 -

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