Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS aquêles , para o seu lado atrair a fascinação de outros nomes inesquecíveis. Ao crepúsculo do Século existiam Alvares da Costa, o mavioso autor de "Dejanil'a" (1900), Vilhena Alves (1868), autor de "Monódias", que o grego diz ser "canções plangen– tes executadas a uma só voz"; Múcio Javrot, com as "Crepus– culares", em 1886; e, ainda, no caudaloso rio do Paraensismo, Higino Amanajás, o amável contista, em "Contos e Lendas Paraenses"; Paulino de Blito, em "Cantos Amazônicos". E, já na orgia coletiva da Amazônia, que foi o início do Século XX, Teodorico Rodrigues, nas "Canções do Norte" (1909), onde se encontram versos intitulados "Palavras de Amor", "Hora de Saudade" e "Evangelho do Amor"; Marques de Car– valho edita em 1907 "Contos do Norte", além de "Contos Pa– raenses", "Entre Nymphéas" e "A Carteira de um Diplo– mata" . Havia uma palpitação, desde quando, em 1888, certa rivalidade colocou de um lado Paulino de Brito, como chefe, acolitado por João Marques de Carvalho, Frederico Rhossard, Antonio Carvalho, Heliodoro de Brito, Bertino de Miranda, Pontes de Carvalho e outros . Na outra margem esgrimiam: Olímpio de Lima, diretor nervoso, revolucionário, Acrísio Mota, Leopoldo Souza, Antonio Macêdo, João de Deus do Rê1go e Eustáquio de Azevedo. A propósito de João de Deus, é muito lembrada a frase de Eustáquio de Azevedo, o Jacques Rola que eu tanto admirava, na sua figura delicada, tipo Vol– taire, miúdo e poderoso, mordaz e amável : "Não compreen– diam como um mestiço, de sapatos rôtos e meias sujas, de casaco ensebado e colarinhos imundos, inflamado pelos vapô– res dos "grogs", podia arrancar do cérebro tantas harmo– nias". O novo século apenas por dois anos mereceu a vida do brilhante maranhense que aqui "foi poeta, sonhou e amou na vida". Com essa herança tumultuosa chegam os mbdernistas. Chegam e gritam, e cantam, e bebem, e se misturam ainda nas nuvens do romantismo, do parnasianismo e do realismo e de tudo extraem uma nova éra. E o Pará continúa como sempre esquecido, negado, escondido, embora as luzes conti– nuem a brilhar por cima da Caixa d'Agua e a lua a ouvir as canções dos violões de Santa Cruz, do Bem-Bem e do Aluizio. Na última revoada do Século passado e nos primeiros alcandores da nova centúria, até quando a terra começou a se entristecer com a derrocada da borracha, Higino Amana– jás, ~eocádio <?-uerreiro. (pseudônimo de Nogueira de Faria), Paulmo de Brito, Ignac10 Moura, Romeu Mariz, Luiz Barrei– ros, Eustáquio de ~zevedo, Martinho Pinto, Manuel Lobato, - 139 -

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