Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS - Delícias querem gozar ! - Querem sim, sôbrei meu peito Sentir o mágico efeito No qual se devem inspirar". --*-- O maravilhoso Século XIX, que tantos espíritos ruti– lantes ofereceu ao Brasil, também foi gene'l·oso, como se vê, para com o nosso Pará. Devemos cultuar a memória daquê– les paraenses, dignos de figurar em Antologias, para que se– jam conhecidos pelos estudiosos dos Estados irmãos. Que ve– jam e conheçam e reverenciem e consagrem a glória literá– ria do J>ará ! Não devemos consentir, e isso caberá talvez à própria Academia, que pereça e se perca nos tempos a passagem da– quêles altaneiros talentos da terra paraense, que tanto a sou– beram amar e cantar. Não devemos esquecer o primeiro de– ver de recomendá-los à geração atual, e aos seus descenden– tes, perpetuando assim um sagrado e justo regionalismo, na consagração imortal do paraensismo literário de Souza Filho. Não podemos permitir que Eustac.hio de Azevedo e Raimundo Ciríaco Alves da Cunha, aquêle com a Antologia Amazônica e êste com o livro "Paraenses Ilustres", editado em 1896, te– nham o valor do seu esfôrço perdido, porque nos voltamos para os escritores advenas, esquecidos do valor dos nossos glo– riosos românticos do Século XIX. Não devemos ser estáticos, que a literatura é o próprio "desenvolvimento das fôrças in· Iectuais de um povo, é o complexo de suas luzes e civiliza– ção; é a expressão do gráu de ciências que êle possue; é a reunião, enfim, de tudo quanto exprimem a imaginação e o raciocínio pela linguagem ou pelos escritos", como salientou Pereira da Silva na sua obra "Parnaso Brasileiro". Justamente em Hij9, quando estava prestes a terminar o cíclo do Realismo e ~e 1 Parnasianismo, Alvares da Costa, com o auxílio de Enéas ·b(rl• tins e Artur Lemos, foram inspira– dos· no sentido da cria~é:1.\. 1 da Academia de Letras. Em 1900, nova tentativa : João Marques de Carvslho, Paulino de Brito e Cândido Costa. Sàmente em 1913, Rocha Moreira e Marti– nho Pinto realizaram o intento. Mas não desejamos contar a história da Academia Paraense de Letras, que tantos emi– nentes confrades poderão fazer, com detalher, e grandeza, na minúcia e na linguagem. Quero apenas salientar que precisamente no fim do Século, XIX, aqui no Pará, as letras brilhavam e, lembrando - 138 -

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