Revista da Academia Paraense de Letras 1962
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS --*-- Quanto à Ilha Cultural da Amazônia, como se con– duziu? As lutas polític,as desenroladas no Pará a partir da chegada de Castelo Branco até 1722, quando se tornou defi– nitivamente Estado independente do Maranhão, não permi– tiram maior desenvolvimento cultural à Amazônia . Sàmente em 1850 a Capitania São José do Rio Negro (Amazonas) foi por sua vez desligada do Pará e tornada também indepen– dente e elevada assim à categoria de Província. O Século XIX significou portanto para a terra paraense o verdadeiro marco das conquistas de auto-determinação política, econômica e intelectual. Vigorosa geração de homens de letras aqui vi– veu a partir de 1820 quando Patroni, já agitador, apresentou– se à sua terra para lutar pela adesão do Pará ao movimento que lhe aconselhava o patriotismo. Nativos uns, outros de outras terras chegados, todos envolvidos pela magia da pla– nície, aqui amaram, sofreram e se imortalizaram. Aqui cantaram seus amores à terra, em verso e prosa, Aqui cultivaram a nossa Ilha Literária com carinhos filiais, apaixonadamente. Aqui plantaram palmeira lírica - esbelta e faceira - simbolizada no açaizeiro. Um dêles, Joaquim Rodrigues de Souza Filho, nascido a 24 de junho de 1836, em Santarém, reclamava a existência de uma literatura paraense, genuinamente paraense, que denominou PARAENSISMO . · .Venho, hoje, senhores, 125 anos depois do seu nasci– mento, lançar novo brado, novo clamor, pedindo voltemos os nossos olhares àquela palmeira lírica, esbelta e faceira - corno o açaizeiro, que é o PARAENSISMO. Citarei a segUir os nomes d'alguns cantores, iniciando pelo próprio Souza Filho. Doutor em ciências jurídicas e so– ciais pela Faculdade de Rec.ife, jornalista, poeta, juriscon– sulto, Souza Filho escrevia poemas que eram madrigais à sua terra: Minha pátria é a virgem das florestas Com grinaldas de flor de sicopiras Nas tranças, nos vestidos de safiras, Com que o Sol do Equador quís adorná-la. É coberta de flores e de gala Singela e feiticeira - 132
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