Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS suas derrotas. Sílvio Roméro dizia que a literatura é o pró– pri0 nacionalismo . Sob vários critérios ela é dividl.dâ : · "A literatura bra– sileira data do mesmo século do descobrimento", sentenciou José Veríssimo, mencionanaó Gabi:iel Soares de Souza, colono português que em 1587 publicou o · ''Tratado descritivo do Brasil". O nome dêste colono ficaria gravado, como ficou, nos pórticos da Grande História do Petróleo Brasileiro. De– pois dos jesuítas, da História do Brasil, de Fre! Vicente do Sal– vador, concluída em 1627, a qual considerou ,'a primeira pro– dução literária do Brasil", o grande crítico pal'aense examina os estágios da nossa evolução, desde as. famosas escolas de Recife, Baiana e Paulista até Graça Aranha, João Ribeiro, Alcides May,a e outros. Outro .escritor, talvez o primeiro cul– tor da crítica brasileira, Joaquim Norberto, escreveu em 1841 : "De todos os países americanos é, sem exceção·alguma, o bra– sileiro o mais dígno da veneração dos estrangeiros. O primeiro que conheceu ,a necessidade. de sua indepe~dência, que in· tentou por vêzes sacudir o jugo da .escravidão e constituiu-se nação livre e independente, foi também o primeiro que en– saiou-se nos diversos ramos da literatura. Ainda não éramos nação e já tínhamos historiadores . . . Ainda não éramos na– ção ... e já possuíamos uma.literatura, se não legitimamente nacional - que raras o são - ao menos em parte e que ao presente constituiu-nos .como nação literária, uma das prin- cipais das duas Améi,:icas e a única da Meridional". . A partir do Século XV:I e portanto do descobrimento, aconteceram no Brasil transformações políticas, religiosas e filosóficas, preponderando o colonialismo, a aristocracia, a democracia, surtos e'Xtremistas, advindo de tudo o Indianis– mo, 0 Realismo, o Parnasianismo, o Simbo}ismo, o Modernis– mo, 0 Neomodernismo até o Concretismo e o Neo-Concretismo dos nossos dias . Desde•quando Gregório de Matos contribuiu para que a literatura brasileira se mostrasse diferente da por– tuguêsa; desde quando "a ânsia de traduzir o Brasil" surgiu com José de Alencar e Gonçalves Dias, no Indianismo; desde quando o estudo interior do sentimento veio com Alvares de Azevedo e seu grupo e, esplendoroso e excepcional, Castro Àlves empunhou a poesia social, na gloriosa afirmação dos sofrimentos alheios; desde qu~ndo, com o romantismo bra– sileiro, conquistamos a emancipação política e trocamos Por– tugal pela França; desde quando fomos incitados em 1922 a criar obra 03iginal - b~·ilharam as Ilhas Cul.turais do Brasil em cintilaçoes de um firmamento em festa. _,,.. 131 -

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