Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS . . "Morreu o Bruno, ligeiro, com mêdo que o Bruno acorde diz um verme ao companheiro : Cuidado? que êle te morde !" Mas Jaques Flores prosador não · foi menos artista. As crônicas de "Panela de Barro" são repositório de· histó– ria, de folclore, de humor e de sentimento, aquela ternura que de seu coração pela vida: afóra se derramou para as cou– sas cla:ras da vida . Por ·isso cultivou com amor a palavra çom que vestiu das constelações do infinito a graça da Mu– lher, o encanto das crianças, a lealdade para com os amigos. Porventura, como Coêlho Neto, teria indagado do pró– prio coração : "Que é a arquitetura? Que é a pintura? Que é a gliptica ? Que é a escultura ? Que é a música ? Expres– sões vagas . A palavra é a vida." As rosas vivem pouco mais que a aurora e o cipreste feral dura cem anos, disse-o Múcio Teixeira numa consagra– ção da imortalidade de outro _poéta arrebatado pela morte aos 23 anos de idade . Daquêle querido Jaques, o poéta, o boêmio, o homem de letras que foi acima de tudo um grande, um generoso co– ração, parodiando Land, nós podemos nesta hora dizer : Dos auâse 64 anos que viveu, se descontarmos as horas que vi~ veu nara os outros e não para si mesmo, êle morreu em plen."ã juventude . . _ Senhores : a Academia Paraense de Letras, ao deixar nestas paredes o retrato inesquecível de LUIZ TEIXEIRA_ GOMES-, do nosso Jaques Flores, é através dos versos de: outro poeta, aouêle cintilante e iamais deslernbrado Mar– tins Fontes, que lhe reza ao espírito imortal a oração da· rióssa saudade : Desencarnaste. És luz. E ela é capaz de em loureiro tornar o teu cipreste . Os anos passarão : tú ficarás ! - 122-

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