Revista da Academia Paraense de Letras 1962

i , REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS: __.;_· A>___;__ • . . ! . . . É uma choça de palha d.e inajá _. de onde ·se avista- perto o ]g.arapé. · .Nela sempre se bebe tacacá e, manhanzinha, é certo, o caribé. Beijú, batata doce, mel, cará , tudo se come na hora do cafe. As vêzes, peixe assado também há com pimenta, limão e com chibé. Depois do almôço,· a cuia do açaí, No copiá a rêde de cipó onde me deito com o pensar em tL Camisa aberta, mostro o peito nú. Feliz, ali nada me aflige. Só acho que alguém me falta. ~lguém que és tú. Alguém que és tú ! Quandq a conheci. Que amargas lembranças deu á alma atormentada do poéta nas noites de nossa boêmia. Ela era menina rica e mais alto lhe falava a condi– ção social que o amor jurado ao moço operário. Alma de borboleta, beijára talvez o poéta, como Margarida d'Escócia à bôca de Allain Chartier, não por êle mesmo, mas porque dessa bôca saiam palavras doiradas. . . Bem haja, entanto, o coração dos vates chocarreiros onde, mesmo doendo, ci– catrizam depressa as feridas do amor. Ainda assim, bem que nos diz velho fado :t Ai ! a saudade não mata Mas faz chorar muita gente! A verve poética na troça inofensiva até para os ami– gos, os companheiros de todo dia, não faltava ao _espírito de Jaques. Nosso grupo era de prontos, gente sem dinheiro, e vez por outra não ia mal morder, dar leve facada nos amigos abastados, quando uma pândega defrontava o obstáculo das algibeiras vazias . E a propósito de morder, um dia em que no bate-papo lembrávamos as Mortalhas de Emílio de Me– nezes, largou-nos Jaques, •num repente, êste epitãfio do Bruno de Menezes : - 121 -

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