Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Severino Alves Aires, de Silvino Olavo, a nova intelectuali– dade paraibana que Teodoro Brazão, iniciante de sua car– reira de bancário naquela terra brava, aproximara de seus companheiros de Belém, êle que fôra de nossa geração na "A Província do Pará". Um dia, Eneida, essa querida Eneida que tem no san– gue/ a seiva das hervas e das raizes de seu Banho de Cheiro, Eneida· resolveu promover um festival de "A Semana", tal o· êxito das tardes de Música e Poesia de Meneleu Campos . Jaques Flores, que no trabalho duro de impressor adoe– cêra, convalescia ainda. E nessa festa, magrinho, a cabe– leira longa, a gravata panda que lhe era uma característica do traje, recitou seus versos com chiste, com alma, sabe Deus se escondendo em cada troça rimada uma lágrima de deses– perança ... Era governador do Pará o grande coestaduano Dioní– sio Aµ.sier Bentes. Psicólogo, sentira nos versos do poéta humorista o drama de sua pobreza. Dias depois LUIZ TEI– XEIRA GOMES era nomeado segundo oficial da Polícia Ci– vil . Ganhára, a peso de talento, a função que serviu com decência, com probidade e sobretudo um profundo sentL mento de respeito à dignidade humana, até quase o fim de sua vida. Valeu-lhe isso o bem-querer e . o respeito que desfru– tou na carreira burocrática, chegando ao mais alto pôsto. Nêsse emprêgo público viveu, assistiu desveladamente à mãe e os irmãos, constituiu a família de que foi como chefe um padrão, um exemplo. :tle, que conhecêra as negruras da orfandade, o sacrifício da velha mãe para o fazer homem, erigiu um altar de amôr profundo à espôsa, deu aos filhos todos os bens que a vida lhe negára aos sonhos da adoles– cência. Como homem, LUIZ TEIXEIRA GOMES viveu ver– ticalmente. E o- anjo da morte ao lhe arrebatar do corpo a centelha da vida, conduziu para Deus uma alma de crian– ça, uma alma limpa e feliz ! O Bd:tMIO LUIZ TEIXEIRA GOMES, e tôda a nossa geração, fo– mos boêmios à nossa maneil'a, boêmia de moços pobres, que medeava entre o acender da estrê,la vespertina e os clarões rosados da aurora, pôsto que tínhamos, todos nós, as tare– fas, do estudo alguns, e do ganha-pão quase todos, à nossa espera ... - . 117 ·-

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