Revista da Academia Paraense de Letras 1962

• REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS v.ez o encontramos, em BERIMBAU E GAITA, livro de es– tréia, personagem em evidência da própria zombaria dolo- rosa . .. É o confronto, o impacto de duas situações sociais dís- pares, a moça rica e fútil e o :poéta h1.1milde que lhe celebra o encanto e a indiferença : "Tú, flor da moda, esplêndida e sap~ca, ri~ olhar de fogo e cabeleira preta, tens o corpo gentil de uma boneca e uma alma sensual de borboleta ... Eu, de desilusões bastante farto e da alma do silêncio tendo sêde, moro sàzinho num· escuro quarto e durmo em suja e remendada rêide." Iniciavam-se para o olumitivo as peregrinacões às bancas dos secretários de redação. a mendigaria humilhante mas teimosa de espaço para meia duzia de períodos ou as quatorze linhas de um soneto nas edições domingueiras .. . Aos sábados, enfarpelado na roupa da missa, terno de ca– simireta com o indefectível colete conseguido a crédito e a longo .prazo. as rodas da República literária, a um tempo cenáculo e libatório sem ritual de fogo, ajuntamentos con_ gressionais ou olimpíadas hebdomadárias do espírito, e por isso mesmo espirituosas na acepção total do vocábulo. Nessa congregação de inofensiva estroinice, tuna de sabáticos por efeito de inocente cabotinagem, primavam como condottieres e magisteres dois grandes das letras indí– genas, os poétas José Simões e Eustáquio de Azevedo. Nêles encontrou Jaques, em José Simões principalmente, os guias amáveis dos ensolarados caminhos da cultura. A morte dêsse querido poéta arrancou-lhe da pena a comovida pá– gina de saudade "Meu Mestre José Simões". Raiara 1922 . e o poéta ganhara já definida estatura intelectual. Nas páginas de "A Semana", a revista que Al– cides Santos fundára com Manoel Lobato, primeiro surgida jornal semanário, na "A Semana" que José Simões secreta.. riava .e de que era Edgar Proença redator chefe, passou a · jntegrar o grupo de moços onde brilhavam Eneida, Muniz Barreto, Sandoval Lage, e Clóvis de Gusmão depois, e onde Bruno de Menezes já ganhára -espaço ao lado dos consagra– dos poétas Rocha Moreira, Eustáquio de Azevedo, Remigio Fernadez e Elmano Queiroz; do ilustre bahiano José Maria Leoni, purista até no requinte da causerie elegante; do só- - 115 -

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