Revista da Academia Paraense de Letras 1962

REVISTA DA ÀCADEMIA P ARAENSE DE LETRAS lher admirável, a quem a viuvez cêdo atirara aos ombros frá_geís a d_oce mas pesada carga de três filhos pequeninos. Lmz, o mais velho, chegado o tempo de escola lá foi ter ao 6. 0 (Grupo Escolar, então no largo de Santa Lu~ia, onde está hoje a Faculdade de Medicina, o mesmo Grupo Escolar que _SE; denominaria _mais tai·de Wenceslau Braz e que a Revolu– çao de 30 rebatizou com o nome de Dr. Freitas, instalando-o no prédio que Abelardo Condurú, prefeito da cidade, fez re– modelar, sob alto critério pedagógico, dêle fazendo sob êsse aspecto o melhor que hoje possuímos . . O garoto, por inteligente e amigo do estudo que fôsse, terminado o curso elementar chegára a quanto lhe poderiam dar as parcas posses maternas . Menino pobre, defeso lhe era teT veleidades de douto– ria, seu lugar era a oficina, o arranjo de ofício gue mais de:. pressa lhe permitisse o ganho de alguns mU réis tôda- s.e– mana.. . Jaques escolheu a profissão de gráfico, foi -apren– der impressão na Livraria Escolar, ?, Rua Campos Sales, pas– sou depois, já adiantado , para a Tavares Cardoso, estabele– cimento padrão naguêles idos, e afinal um dia ganhôu es_ paras de ouro, era oficial impressor na Livraria Maranhense, que · ainda lá está na rua João Alfredo . Já entãó moço, no convívio dos livros que imprimia, com requintes de artista como o exigia o renome da casa, era fatal que naquêle espíri_to desabrochasse a flôr do· senti– mento, o germe do intelectual que trouxera ~o berço, pois não sem razão acreditam os biólogos estar no plasma germi– nal o destino inteiro das almas, na afirmação do escritor– biologista que estudou na obra de Machado de Assis a con- cepção hereditária. · · Assim, na alma do impressor da "Maranhense" Ja_ tente estava o poéta delicioso de "CUIA PITINGA", o cro– nista de "PANELA DE BARRO", o pintor de costumes, ena- . morado das paisagens opulentas da terra e da alma sim– ples de suas gentes tapiocanas. Já desde os quinze anos, quando aprendiz, à cantiga das minervas e dos prélos, ritmada ao ruido dos tipos nós componedores, seu coração se enflorava das primeiras ma– nifestações da _inquietação criadora, versos ingênuos, contos românttcos primeiro, e, depois, à proporç~o que mundos no_ vos se lhe deparavam, em volumes e volumes lidos de em– préstimo, numa ânsia de autodidata sedento de os desbra– var, o aprimoramento da, clara inteligência e a delicada sen– sibilidade, as condições, segundo Afrânio Peixoto, indispen– sáveis para o humour e que o levariam a percorrer, às vêzes quase chorando, os caminhos da troça e da.ironia onde.tanta - 114 - <r Q •

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