Revista da Academia Paraense de Letras 1962
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS nasc_eu, d~n?o a c~da muI?icípio um ginásio e uma escola de tip_? med10 . , Evita-se deste modo o êxodo das gerações, que vem a Belem em busca de educação e se deserradicam completamente do seu meio, agravando o problema do esva– siamento do interior e da superpopulação da capital que não tem nem teto, nem água, nem carne, nem luz, nem trans– porte, nem instrução, para tanta gente. Se não tivesse sido perturbado pelo ódio de Pombal contra os jesuítas o progresso da Vigia, ela seria hoje um centro universitário. Do colégio que os padres da Compa– nhia deixaram ali, restam as ruínas; da biblioteca ficou a notícia nas páginas inesgotáveis da História da Companhia de Jesus no Brasil, de Serafim Leite . Mas do patrimônio de sua cultura, totalmente devastado pelo tempo e pela de– sídia, sobram nomes de valor, na recordação dos seus con– terrâneos : Barão de Guajará e Vilhena Alves, por exemplo o historiador dos Motins Políticos, e o gramático a fixar a língua portuguêsa em livros que perderam, com os anos, a sua oportunidade, mas não a utilidade da observação, da •pesquisa, da reação de um espírito em favor do idioma na– cional, num ambiente de~pi:ovido de todos os estb;nulos . O Barão de Guajará tem um grupo escolar com o seu nome na Vigia. Devia ter um ginásio-. A homenagem não está na proporção do merecimento. Em Belém, Vilhena Al– ves é o patrono de um estabel~cimento público de instrução primária : devia 'estar na Vigia, onde êle nasceu, viveu, es– creveu a maioria dos seus trabalhos, inclusive o melhor de todos, que ficou inédito . Entretanto, em Belém, ainda não há uma escola condignamente dedicada a Maria Luiza Pinto do Amaral, com uma existência inteira devotada ao ensino no "Barão do Rio Branco". Pla,.ntaram o nome dela em Nova Timboteua, não se sabe por quê .. . Nesta hora, porém, em que o Govêrno procura denomi– nações para dar a ginásios e e§colas normais, na Vigia, esta– mos no dever de suge1.·ir que o vigiense Teodoro Rodrigues não fique na penumbra em que tem estado até hoje. Vepia– culista, prosador e poéta, contribuiu para a gramática su– perior de João Ribeiro, que conservou essa colaboração em destaque no apêrndice fin•al do seu livro, enfrentou com ga– lhardia Paulino de Brito num concurso da Escola Normal, deL-.cou um esbôço das variações sub-dialectais da língua por– tuguêsa na região do Salgado, e as suas mais belas produ– ções literárias estão_ esparfas nas fôlhas volantes da impre~sa ou das revistas de vida efemera. O desembargador Nogueira - 13-
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